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Artesanal. Ernande, 2017. |
Ernande Valentin do
Prado
Uma noite, na cama,
enquanto pensava que faziam amor, entregues totalmente um ao outro, em êxtase
da paixão, desses momentos em que não se recusa nada, sem medo, sem pudor, que
se pode tudo, ele trocou seu nome.
Ela, no calor do
momento, tentou fingir não perceber, ao menos não demonstrar a decepção, o
desgosto, a frustração. Esforçou-se para continuar, manter-se entregue ao menos a excitação do
momento. Não conseguiu. Chorou, primeiro com uma lágrima que brotou no olho
esquerdo e escorreu pela face.
Ele viu. Tentou ignorar.
Achou que era dessas coisas de mulher.
Após a primeira
lágrima, veio outra, depois outra, mais outra e sem se dar conta estava
chorando abertamente, sem vergonha, de soluçar, como só lembrava ter feito
quando muito criança, quando sonhava que tinha perdido a mãe.
[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às
6tas-feiras]