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O luto é roxo? Ernande, 2016. |
Ernande Valentin do
Prado
Ela
chegou
acompanhada
do marido
entrou
direto no consultório.
Perguntou
se podia ver sua pressão.
Sentou
estendeu
o braço esquerdo
tentou
esconder as lágrimas
Você
está bem?
perguntei
Não
respondeu
chorou
Ela
recebeu uma notícia ruim
agora
disse
o marido
Pode
chorar
eu
disse
abraçando-a
Quer
falar de seu pai?
Perguntei
Ela
disse: acho que não consigo
Chora
então
Chorar
faz bem
Ela
chorou
soluçou
chorou
mais.
Ela
olhava para o chão
abaixei-me
olho
no olho
Segurei
suas mãos
enquanto
falava
respira
no meu ritmo
Ela
respirou
respirou
acalmou
Agora
vamos ver a pressão
eu
disse
Ela
estendeu o braço
Tudo
isso vai passar
disse
na porta
Volte
quando quiser
se
achar que precisa.
E
ela se foi
acompanhada
do Marido
como
chegou.
[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às
6tas-feiras]