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15 abril 2014

Sanduíche de viagem



     Estou sozinha na cozinha preparando os sanduíches para viajar. Começo a lembrar de quando eu era pequena e cortava os pepinos para ajudar meu pai a fazer os sanduíches enquanto minha mãe terminava de organizar as malas. Passava a margarina no pão, e ia montando os sanduíches para colocar no isopor. Agora observo os meus sanduíches e eles lembram os mesmo sanduíches de viagem da infância.

    Preparei da mesma maneira, em escala, com todos os ingredientes a postos, passei margarina em todos os pães, coloquei todas as fatias, todos alinhados. Coloquei da mesma maneira na geladeira. E pensava em como o conhecimento acontece. Hoje, faltaram só os achocolatados para levar junto no isopor, e só de lembrar de vontade de ir correndo no mercado comprar para fazer a combinação nostálgica perfeita. Pode ser só fazer sanduíches mas está escrito em cada sanduíche o que eu aprendi com a minha família.

    A forma que comemos, levantamos de manhã, nos cobrimos a noite e até fazemos os nossos sanduíches é um reflexo do que aprendemos durante a nossa vida. Penso que para muitos é assim, como os pescadores pescam os peixes, ou a música que se usa para ninar antes de dormir. A educação é como um DNA, transmite de pessoa para pessoa e vai incorporando novas “bases” em nossas atitudes, gestos e personalidade. E vamos transmitir esse código para quem está ao nosso redor, como por exemplo, fazendo sanduíches. Ou o que nós incorporamos na faculdade, como o conhecimento médico.

    Mas a beleza desse “DNA” é a sua transmissibilidade e não a sua imposição. É a ideia da replicabilidade e do respeito. Não se altera o código genético de uma hora para outra, mas é possível trocar algumas “bases” com o tempo. E é assim, trocando, que se conversa sobre sal na alimentação, ou exercícios físicos. Construindo novos caminhos, fazendo novas ligações, novas formas de cuidado.

    É essa “genética” educacional, que respeita as ligações, a estrutura e principalmente a pessoa que está com você. Não é apenas a célula, nem o coração, ou cérebro, ou pâncreas. São as histórias, os caminhos, o olhar e a genética de aprendizado de cada um. O imprint que levamos do que vivemos. O conhecimento se replica com novos aprendizados e trocas, como o DNA

    Assim como não se faz sanduíches de viagem sem histórias, sem vivências, sem aprendizado, não se constrói educação sem a relação entre as pessoas, sem envolvimento, sem a troca de “bases” ou histórias.

Voam abraços,
Mayara

[Mayara Floss publica na Rua Balsa das 10 às 4as-feiras]

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