Arte criada a partir de desenho apresentado no Sarau do Rua Balsa das 10. 4ª Mostra Nacional de experiencias e reflexões em extensão popular - João Pessoa, dezembro de 2015 |
Mesmo (deitado)
ainda posso ver os últimos raios de sol
lançando sombras na parede nua
Eu sei (prometi)
mas no fim
parece que é só isso que se pode fazer
ficar sentado
com a boca aberta (cheia de dentes)
esperando a morte chegar.
Nem todo mal (que posso) ter causado
nem toda satisfação que (posso) ter dado
pode mudar (o que aconteceu)
Nada (absolutamente nada)
com o tempo
restará (quando eu for)
Nem um retrato (na parede)
Vou ser esquecido
Desaparecer das memórias
como
lágrimas
na chuva
Só restará (talvez) como testemunha
essa sensação de inacabamento
que (mesmo agora) persiste.
[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10
às 6tas-feiras]