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28 janeiro 2022

Trabalho escravo em terra de rato


        


O tempo passa por nós de uma forma que nem sempre dá para perceber. As coisas mudam o tempo todo, mas nem sempre a gente consegue ver e sentir. Quer um exemplo, a pouco mais de 200 anos era totalmente normal ter um escravo em casa ou na fazenda. Eles executavam todas as vontades do branco endinheirado (mesmo que à base de chicotadas no lombo) e produziam a riqueza que outros desfrutam até hoje. 

Até pessoas aparentemente boas e normais não conseguiam ver que ter um escravo era, e continua sendo, o cúmulo do absurdo da indignidade humana. E todo escravocrata, todo, sem exceção, deveria ser jogado ao mar ou trancado em um cela com o Capitão Jair e ser obrigado a ouvi-lo contar suas piadas racistas, machistas e homofóbicas (se bem que isso já seria crueldade demais, melhor ser jogado ao mar mesmo, aquele de Recife que tem tubarão, é menos cruel).

Hoje em dia ninguém acha normal manter uma escrava ou um escravo em casa, nem para lavar a louça, nem para cuidar de seus filhos e nem dar de mamar a eles e depois, no fim da noite, ainda ser estuprada, se fosse mulher ou ter de realizar as fantasias mais chocantes da patroa, se fosse homem.

Eu não consigo nem imaginar como deveria ser humilhante ser escravo e não me imagino convivendo com um escravocrata (eu mesmo prefiro ser jogado ao mar de Recife a ter que apertar a mão de um escravocrata ou ter que olhar na cara de um ser tão desprezível).

Acredito que hoje em dia, nem as pessoas mais asquerosas, mais esnobes e almofadinhas, como Dória, Sérgio Moro, vulgo Marreco de Maringá, que tem cara de que odeia pobres, conseguiriam ter um escravo. 

A maioria dos empresários brasileiros são ridículos, mamam nas tetas do estado através de benefícios fiscais, sonegação e maracutaias, não recolhem impostos de renda, pagam mal aos assalariados, defendem que o salário mínimo é muito alto e que deveria baixar (por isso apoiam o presidente militar). Esses empresários acreditam que os trabalhadores têm direitos demais e querem cortar toda e qualquer forma de proteção social. E a esse golpe covarde chamam de reforma modernizante.

O empresariado brasileiro deseja as mesmas normas fiscais e trabalhistas dos Estados Unidos e ao mesmo tempo continuam pagando os piores salários do mundo. Acreditam (ou falam só para enganar idiotas) que os motoboys, que entregam lanche se arriscando no trânsito ou que os motoristas de Uber, são empreendedores. E foda-se se os empreendedores não conseguem manter uma vida digna: com alimentação adequada, saúde, escola e lazer. Foda-se se o motoboy sofrer um acidente e o deixar inválido ou se sua filha ficar órfã, afinal de contas, o lucro, na cabeça destes empresários que odeiam imposto, deve ser privado, mas as despesas devem ser do SUS, devem ser do estado que eles odeiam. Mamam no estado, mas odeia o estado.

O estado, para existir, precisa do dinheiro dos impostos, mas Uber, Netflix, I-food, entre outras grandes empresas, e até o dono do mercadinho do seu bairro, aquele que não registra as compras, passando pelo Veio Asqueroso da Havan, não querem nem ouvir falar em imposto. Dizem que é roubo. Mas sabe quem é mesmo o ladrão? 

Mas, ninguém, nem estes empresários abomináveis seriam capazes de ter escravos, não é verdade?

Quer dizer, nem Dória, nem Moro, nem o Gustavo Lima que, dizem, demitiu toda a sua banda e os re-contratou com metade do salário anterior, teriam escravos, hoje em dia.

Mas o Ratinho, sabe, aquele apresentador do SBT, que faz aquele programa de TV que é uma merda e defende que se fuzile quem pensa diferente dele (e diferente do que prega o Capitão), sabe quem é?

Aquele que o Enéas Carneiro, eterno candidato a presidente e que todos diziam ser muito inteligente, mas que de fato tinha muitas ideias fascistas, sabe? Ele chamava o Ratinho de senhor Rato. E realmente o Ratinho é um senhor rato. Acho que ninguém duvida.

Lembrou quem é o Ratinho?

Ele é pai do Governador do Paraná, então, esse mesmo. Ele teria escravos sem problemas, ao que parece. Ouvi dizer que ele já foi condenado por ter trabalhadores escravizados em suas terras, três vezes, isso mesmo, três vezes ele foi condenado, sabia disso?

Então, ninguém, fora o Ratinho, tem coragem de ter escravos. Ou estou sendo muito otimista?

Será que ainda existem pessoas tão asquerosas, desumanas, cidadãos brancos de bens que teriam coragem de ter escravos no Brasil de hoje em dia?

Acho difícil de acreditar, acho até que exageram quando dizem que em São Paulo está cheio de trabalhador vivendo em regime de escravidão, são Chineses, Colombianos, Bolivianos e até brasileiros. Ouvi dizer que esses trabalhadores escravizados costuram roupas que depois são vendidas em lojas muito chiques e compradas por descendentes dos senhores de escravos de antigamente. Parte desta história foi mostrada naquele filme fantasioso: "7 prisioneiros", da Netflix, você viu?

Netflix, você sabe, é aquela multinacional bilionária que tem 19 milhões de assinantes no Brasil e não paga impostos, não gera riqueza para o Brasil, só lucra, sabe qual é, né?

Então, liga lá na Netflix e veja 7 prisioneiros, filmado em São Paulo. Vão perceber que é tipo um Game of thrones brasileiros, um O senhor dos anéis, ou seja, pura fantasia, porque eu sei que no Brasil, fora nas terras do Ratinho, não existe trabalho escravo. Repito, não tem escravos vivendo no Brasil, a não ser nas fazendas do Ratinho e talvez nem lá, afinal de contas, se fosse verdade, certamente ele estaria preso e teriam até jogado a chave fora ou o teriam jogado no mar.

Imagina se o Silvio Santos, por mais demente que esteja, permitiria que um escravocrata apresentasse um programa em sua TV. Uma coisa é bajular general torturador, presidente genocida, vender carnês para otários, digo, telespectadores e donas de casa e outra bem diferente é aceitar um condenado por trabalho escravo em seu canal, né não?

Afinal, Sílvio Santos é povão, é homem de bem e sabe que quem é escravizado, nas terras de ratinho ou nos apartamentos do Leblon (no Rio de Janeiro) ou no Jardim Luna (em João Pessoa), são povão e ele não iria aceitar que o Ratinho fizesse isso com seu público ou iria?

Então é isso, não tem trabalhador escravizado no Brasil e este é um texto de ficção. 


Este texto foi adaptação do podcast MÚSICA PARA PENSAR e a versão original pode ser ouvida aqui:

Ernande Valentin do Prado é Enfermeiro, Sanitarisa e continua aí mandando Brasa. 

24 dezembro 2016

PODCAST DA ALICE - PROGRAMA 2

Neste segundo podcast, Alice conversa com seu pai e lhe pede para escolher cinco músicas para os ouvintes. Ao longo da conversa Alice canta e faz comentários sobre as músicas.
No final ela mesma escolhe duas músicas.

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

15 maio 2015

CAFÉ DA TARDE COM A FAMÍLIA BERNINI DO PRADO (Podcast)

Ernande Valentin do Prado



Este podcast nasceu da ideia de fazer alguma coisa que envolvesse toda a família. Semana passada, durante o café da tarde, que é uma tradição aqui em casa, notei que o papo entre nós fruía muito bem e pensei. Taí nosso podcast de família. Nesta primeira edição, na verdade um teste ainda sem roteiro e gravado de forma espontânea, acredito que dê para ter uma ideia do que virá: nada de novo, nada de revolucionário, só uma família conversando enquanto toma o café da tarde.
Espero que goste.



[Ernande
Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

03 janeiro 2014

2º Hangout da Rua Balsa das 10



Caros navegantes da balsa voadora,

Nós pensamos na flor nascendo do asfalto para este próximo hangout. “A flor e a náusea” de Carlos Drummond de Andrade nos inspirou para este próximo tema que será “O improvável”, vamos falar das Coisas maravilhosas que acontecem em contextos difíceis.


O link ficará disponível aproximadamente 15 minutos antes de começar o hangout aqui no blog e na página do facebook, então fiquem "de olho" para não perder o nosso próximo hangout. Quem ainda não assistiu o primeiro pode clicar aqui ou assistir o podcast editado clicando aqui.

“Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.”



Voam abraços,

Mayara Floss

15 dezembro 2013

1º Hangout da Rua Balsa das 10



               Uma das coisas gostosas que descobri em fazer um hangout é poder ouvir a voz das pessoas. Aquilo que nem sempre dá para sentir tão claramente em um texto. Os nossos sotaques, a forma de falar de cada um: um peruano com sotaque carioca, um mineiro com cara de paraibano, um paranaense que vive na Bahia e, eu, uma catarinense que parece gaúcha (e a Amélia que não pode participar que é uma cearense que mora no sul). Eu tentei fazer para esse hangout uma abertura, que mostrasse um pouquinho do que era a “Rua Balsa das 10”, numa linguagem um pouco diferente das palavras. Quem quiser pode conferir no youtube: 



              Mas acabou que esse vídeo não conseguiu aparecer no ar antes de começar a transmissão. Logo no começo do hangout fiquei um pouco apreensiva e a minha tendência de tentar manter as coisas organizadas com uma pauta, certamente atrapalharam o andamento, principalmente do começo. Principalmente porque a ideia era uma conversa entre amigos, e não uma videoconferência, mas acredito que depois fluiu melhor. Mas foi interessante perceber cada um falando da sua casa, o Ernande que falando de Dias D’Ávila - BA; o Júlio falando do Rio de Janeiro - RJ; o Eymard falando de João Pessoa - PB e eu falando de Rio Grande - RS. 
Localização dos Balseiros enquanto acontecia o Hangout
                Parece que estávamos pertinho mesmo tendo mais ou menos 7357 km (pelo googlemaps) nos dividindo (no caso eu que estou em uma ponta do Brasil e o Eymard que está praticamente na outra). Foi legal podermos ter uma conversa “ao vivo” sobre a Rua Balsa das 10, porque para embarcar na balsa, confiamos um no outro e fomos construindo o trajeto da balsa. Muitas vezes sem conversar sem trocar olhares, porém: em meio a palavras, imagens, educação popular e amizade. Dialogando sem som, mas com voz. 

             É interessante, para mim, pensar que cada um está em um ponto do seu trajeto da Educação Popular, e podermos conversar livremente sobre a Balsa e sobre tudo o que cabe dentro dela. A Rua Balsa das 10 como o Júlio falou do “respeito e admiração mútua” que nos envolve e embala neste mar e caminho da balsa, e "apesar de estarmos na água, estamos voando" – como falou a Amélia. Quando tiverem mais espectadores online,os questionamentos e a possibilidade da transmissão ao vivo irá dinamizar  mais os hangouts. Acredito que para um primeiro Hangout o conteúdo já foi muito interessante, mesmo tendo as questões organizacionais envolvidas.  Quem quiser assistir segue aqui o 1º Hangout da Rua Balsa das 10 (sem edições):



               E aqui está a versão editada que o Ernande construiu apenas com o som do hangout,  a produção tem até trilha sonora. Além de demorar apenas 40min e não 1h30min como o hangout. Ficou muito legal, com o tempo vamos aperfeiçoando mais. 


Voam abraços,

Mayara

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