Egressos do sistema prisional, com variados níveis de condenação e
multiplicidade de delitos se candidatam à reinserção social.
Os candidatos possuem:
1. Baixa escolaridade e/ou são considerados analfabetos funcionais;
2. Qualificação profissional incompatível com os padrões do mercado de
trabalho;
3. Alto índice de reincidência criminal;
4. Laços familiares rompidos, que resulta em permanente desestruturação
familiar;
5. A grande maioria sequer foi socializada/incluída...
Está aí o nosso produto, lhe parece vendável?
Sinceramente não acredito que a sociedade o compre. É um produto que não
dá qualquer tipos de garantia.
Será que um Pai de família acredita na ressocialização de um estuprador,
mesmo tendo se passado anos da condenação?
Você colocaria sua filha para conviver com ele, o estuprador?
Um assassino contumaz, se ressocializa?
Quanto tempo se leva para um egresso se ressocializar?
Meses, anos, uma vida ou temos que contar com a eternidade?
O Estado com tantas deficiências consegue dar cumprimento à Lei de
Execuções Penais e reinserir este indivíduo no meio social?
Qual a garantia que o empresário tem de que o egresso do sistema
prisional não voltará a cometer crimes, que sua empresa não será arrombada na
calada da noite, em virtude de informações privilegiadas? Que nenhum familiar,
ou ele mesmo, não será vítima de sequestro?
Uma palavra governamental pode lhe dar alguma segurança?
O cidadão de "bem" realmente contrataria esse indivíduo,
acreditando num processo ressocializador, ou somos bem feitores querendo salvar
a humanidade?
A verdade é que não temos respostas, porque o nosso produto é humano: seres
individuais, inigualáveis, perfeitos na sua imperfeição, anjos e demônios
travestidos num corpo de carne. Ainda não criamos uma vacina para tratar essa
doença, somente leis humanas e condutas morais. O mito da ressocialização
existe desde os primórdios. O que fazer com Caim, após a morte de Abel?
O preso é simplesmente o reflexo de nós mesmos, aquele que teve maior
coragem, ou se assim o quiserem, maior desequilíbrio no momento da ação
delituosa. O egresso sou eu, o egresso é a face viva de nós mesmos, pois não
somos melhores ou piores do que os que estão aprisionados. Não faremos
diferença alguma se nos colocarmos num pedestal, como aquele que conhece o
caminho a ser seguido.
A vida e as dores, bem como a alegria e os acertos competem às
individualidades. Como o egresso do sistema prisional, não pode dar garantias
de sua recuperação, tampouco os homens de "bem", não poderão garantir
que um dia não cometerão crimes...
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