Imagem capturada na internet, 2017. |
Ernande Valentin do Prado
O fim
Você
pode me sentir?
Perguntou
ele
desta
vez já sem forças
Depois
calou-se
só
por um instante
para
ouvi ela dizer
eu
posso te sentir
como
sempre
como sempre senti
Ela
percebeu
que
desta vez
ele
estava diferente
e
que poderiam se perder de vez
e
para isso
se
perder de vez
não
estava preparada
Será
que algum dia estaria?
Não
deu tempo de se perguntar
Quando
o fim começa
de
verdade
é
muito difícil parar
Eu
não sei mais o que devo fazer
Enfim
disse ele
finalmente
entendendo
Ela
respondeu
sem
pensar no efeito de suas palavras
não
faça nada
Nada
Nada mesmo
nada
Mais
de vinte anos se passaram
até
que um deles falasse
(de
novo)
Morro
todo
dia
de
saudades da gente
Acaba assim
Deixamos
enfim
o
que sentimos
um
pelo
outro
se
afundar
num
mar de mágoas
de
esquecimentos?
No último
minuto
Não
faço nada?
Não.
Não
faça nada
E
deixou tudo se apagar?
se
perder
num
mar de esquecimentos?
É
é
é?
Você
vai esquecer
seguir
sua vida
apagar
nós dois?
É.
É
o melhor a fazer
não
é?
Você sabe
não
consigo esquecer
Você sabe
Cada
palavra
cada
coisa dita
cada
coisa que fizemos
Deus
do
céu
cada
foto
cada
fragmento
cada
orgasmo
Tudo
vai ficar gravado
Martelando
no tempo
tá
tá tá
martelando
martelando
martelando
até
perceber o erro
até
perceber que isso
o nosso amor
(talvez)
não
tenha fim
jamais
Não
sei mais o que dizer
Então
é melhor não dizer nada
Tá
Sabe
que te amo?
Sei.
Sabe?
Mas sei também
que agora
isso não ajuda
Sabe
que dizendo isso
que me ama
só
piora a situação?
Sei.
Sei
sim.
Mas quem disse que quero
facilitar?
Não
não mesmo
Não vou facilitar
Não
vou te esquecer
Jamais
mesmo com o tempo
Você
já me esqueceu outras vezes
Sabe
disso
Não sabe?
Vai negar
sei que sempre nega
mas sabe.
Sempre
soube quem sou eu
(é
verdade)
mas
nem sempre lembra do que vivemos juntos
Vai
esquecer de novo
não
vai se lembrar que rimos juntos
que
choramos juntos
que
conversamos sobre as dificuldades dessa vida
muitas
vezes
repetidas
vezes
Será
que vai se lembrar
da
mesa
do
sofá
da
cama
do
banco da praça
das
sombras das arvores
das
promessas que fizemos de juras eternas de amor eterno
Tudo
Tudo
vai se perder
como
lágrimas na chuva
Eu
falo demais
desculpe
Quer
dizer alguma coisa?
Sim
você
fala demais
mas
adoro te ouvir falar
Não
estou sabendo viver
Eu sei (que você sabe)
que não estou sabendo viver
assim
Tenho
medo
medo
medo
Eu
xiiiiiii
minha
vez
Tenha
paciência
comigo
[Ernande Valentin
do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]
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