Histórias
de motoristas de uber
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Imagem capturada no Google, 2018. |
Ernande Valentin do Prado
— ...se eu chegasse em casa com um brinquedinho, minha mãe já perguntava: “onde foi que arrumou, foi Cleber quem deu?”
Disse o homem, enquanto cruzava
a Avenida Senador Ruy Carneiro, sem olhar para traz.
— ...pegava o telefone e
perguntava: “Dalva, Cleber deu um brinquedo para Claudio?”.
Conclui Claudio, saudosista de
outros tempos, quando as crianças respeitavam os pais.
— Hoje? Hoje não tem mais
respeito...
Claudio veio me buscar em casa para
levar até o supermercado. Encostou seu Toyota Etios embaixo da sombra de uma
árvore.
— Seu Ernande?
Ele dirige Uber há mais de um
ano. Começou em dezembro de 2016. Era motorista de taxi, mas, segundo ele,
quando viu o Uber chegar em Recife, vendeu sua praça, ainda por um preço bom em
João Pessoa e passou a dirigir Uber.
— É uma corrida atrás da
outra, não para. Se não fosse melhor que taxi eu votaria para praça.
Claudio disse que nunca, em
toda sua vida de taxista, mudou um caminho para ganhar um centavo a mais, como
muitos fazem. Disse que foi educado pelos pais...
— Pela mãe...
Pensou melhor, já quase
chegando na Avenida Epitácio.
— ...quem educa os filhos
mesmo é a mãe...
[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às
6tas-feiras]
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