Caminhava
por um corredor de paredes muito altas, brancas,
deixando para trás duas mortes.
Lá
na frente, do outro lado, distante, te via
como quem vê a luz.
Mãos
Tremiam sujas: sangue,
não era meu.
Sujas,
as mãos,
limpei nas paredes e nas roupas.
Não,
não senti remorso, nem nojo
só um vazio (mãos tremendo, pegajosas, vermelhas,
sujas).
Precisava,
com urgência,
chegar em casa, te abraçar, espalhar seus cabelos
louros por entre meus dedos
assim,
tornar-me
alguém melhor.
[Ernande
Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]