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09 setembro 2013

Dos buracos de Coelho e das Espirais. Julio Wong Un




Sempre que nos guarnecemos de tormentas e de dias áridos sabemos onde mesmo procurar. Na passagem entre mundos que é o buraco feito pelos coelhos de gravata. Sem esquecer o relógio e os óculos delicados de metal. 

Mas essa certeza, essa sabedoria arejada só veio a ser viva depois dos 50 anos. A idade onde tudo recomeça. E onde sentimos esse nascimento dentro da gente, a mão que se estende do nada para o todo. 

E a imagem clara se desenha dourada na Rocha negra. Uma toca, um buraco, uma história completa. 

E ai, distraídos, andamos pelas ruas sem nome, catamos cores e instantes desarmados. A forma amorosa do mundo, tão esquiva como os animais se extinguindo da Terra, se revela como ao velho meditativo - que quando se distrai, alcança. 

A mão roça os dedos. Dentro da pele infinitas estruturas. A espiral do mundo converge a um respiro unificado. 

Se abrisse o livro na descrição do beijo encontraria a página amarelada e vazia - com a pequena exceção de canto inferior soturno: "faz". 

E sim. Certo. A tarde da fotografia era dourada. E essa luz carícia todo desenhava. Luz de Klimt, brinquedo de Matisse, palavra de Gauguin, rede descanso de Tarsila. E por ai vai. 

Ate que o buraco negro nos surpreenda de novo e fiquemos sem outra saída (muito desejada) que pular sem fim através dele. Uma e outra vez. Assim mesmo há de ser. 




Rio de Janeiro: porque o corpo dói e a alma canta. 
Setembro 2013.

04 setembro 2013

O universo é beijo - Julio Wong Un



Dizer do Ser ou do ser sendo
É de inutilidade grotesca
Falar da fundação do universo novo
No beijo No arame No olho Na flor de Madeira que se apresenta sempre
É perder o fôlego entre beijo e beijo
Assim
Metafísico Ontológico Epistêmico 
Cedem ao
Parar de pensar
Abrem
Ao deslizar dos dedos transparentes
Emergem
Do todo oculto das montanhas
Como uma voz peregrina
Que sabe que sem abrir mão de tudo não se é nada
Finalmente
Eu digo
Que renasço na lentidão
Que aprendi a fartura do tempo suspenso
Que ao ser comigo sou com esse universo
Na consciência plena das palavras
Na plena beleza dos silêncios


05 agosto 2013

A noite iluminada - Julio Wong Un


1.
De ti de ser de escada de cama
Desce sol sobe névoa
E o mar diz tão somente esse nome
Que bem sabe que bem entende
Que espelha meia cidade
Que de longe sorri e anda a breves passos
Nos interiores nas santas nas marias
No chão amado do Mundo

2.
Quantos longos espaços
o simples reflexo da cidade no mar
espanta?

Quais silentes palavras
escapariam da tua boca?

Mas esta pedra no ângulo perfeito
Repleta de gentes que são sombras
Esta rocha de rochas
Onde o mar, as luzes, as estelas, as galáxias
Tudo escampa
Nela descansa a vida, o passo, a andadura dos anos

E ao esticar dedos
Acaricia
A pele distante que aproxima
A boca suave
Que sabe a sal de mar
A
curva suave do peito
Que se aninha na palma da mão

3.
Noite luz palavra beijo perfil das montanhas
No fundo a estrela única dá lugar
Ao brilho

E sempre que anoitece eu cuido da lentidão
O tato do sensível
e a faísca que amanhece 
a cada pernoite
a cada travessia
a cada linha de trem no paralelo seguinte
Renasço 

4.
A noite adentra
Os passos descem a rocha
Mas os eus meus e abraçados
Já foram ao encontro
Fui longe dentro
Interior de mim
Alheio e abraçado

Assim foi
E a noite
Me despertou





24 julho 2013

Sempres nuncas voltas ruas árvores sóis luas vastos longes ... Julio Wong Un


Sempres nuncas voltas ruas árvores sóis luas vastos longes esteiras

Sim.
Dizer saúdes é pensares esteiras.
Ou estrelas
Recém assim estendidas
Ou casas de sombras
Onde eles luam
eles solam
elas acabam de florir em sorriso
olhar de parceiro
cárceres abertas para mais nunca
descobertas abertas encobertas

Sim.
Luz de sol faz corpo transparente.
E no quadrado assim retratado
os brancos fecham os pretos
As canções
que ninam os entardeceres
São.

Sim
sempres nuncas fazem voltas
Ruas abraçadas
de árvores vastas
de esteiras estrelas estradas
longes
mas sempre aninhadas
no latejar
no bater de música
na luz do
destino que sempre se faz
e encanta
expresso, sabor de chocolate
crosta de castanha
sombra de luz

Voo de ave pequena
Que traz a areia do confim
Na sandália enobrecida

Sim. Sombras dizem gentes.



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