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10 outubro 2018

O mundo impossível II

Preparando-se para jogar futebol

Brasília, 26 de setembro de 2084.


Em um condomínio fechado em Brasília uma mãe conversa com o seu filho de onze anos.
— Filho não esquece de colocar a segunda pele — a mãe fala enquanto digita no seu home office em casa.
— Já estou com ela mãe — a criança diz apressada.
— Já aproveita e coloca a lente ultravioleta — a mãe diz resolvendo uma série de tarefas no planner.
— Sim mãe não quero queimar minha retina — ele levanta o polegar concordando.
—E.. — a mãe começa a falar e o menino interrompe — já estou com minha roupa especial contra raios ultravioletas e aclimatadora.
Ela tenta começar novamente e ele confirma que também está com as luvas.
— Ótimo, não esquece de pegar a água concentrada, não podes desidratar. — ela finaliza.
— Pode deixar mãe, só vou jogar um futebol no campo coberto e depois eu volto — enquanto fala puxa a máscara de oxigênio e abre a porta de casa.
— Tudo bem só não quero você com queimaduras de novo — responde a mãe olhando pela janela.

Abraços que pousam,
Mayara Floss

19 setembro 2018

O mundo impossível

O mundo impossível por Mayara Floss

- Você tem certeza disso? - o homem pergunta para a mulher enquanto segura o filho de três anos no colo.
- Agora não tem mais volta, talvez Jimi possa voltar, mas só se a Terra melhorar. - ela acaricia o filho. 
- Estou com medo da viagem. - ele diz.
- Você nem vai ver, vamos entrar na crioimersão - diz ela.
- Verdade - ele diz mas  a ideia toda não agrada, ele imagina eles entrando na câmera deixando um vazio silencioso na conversa. - Ao menos marquei para fazermos a crioimersao os três juntos na mesma câmera. - complementa pensando no custo extra para uma câmera familiar.
A mulher suspira e diz:
- Por que você sempre tem que ser tão fraco? Não tem o que fazer, a Terra não dá mais. - ela fala de forma incisiva. Ele responde:
- Eu sei que a Terra não dá mais, por isso que estamos embarcando aqui. Mas vou sentir saudades. - diz com os olhos baixos.
- A saudades que a gente sente é de um lugar que não existe mais, olhe pela janela. - ela diz cética.Ele olha pela janela seca, os olhos são secos, a tosse é seca. 
- A Terra esquentou demais a natureza vai ter que fazer as pazes com o que a humanidade fez, estamos tomando a decisão certa e temos dinheiro pra conseguir um bom Condominio em Marte. - e segura a mão dele. 
- Vivemos em um mundo impossível. - ele diz, repetindo a propaganda que entra pela sua retina da Marte Travels. Ele inclusive começa a lembrar dos argumentos que é bom sair da Terra para deixar ela se reconstituir, um dia a humanidade volta. Uma parte da humanidade fica, ele pensa. Na verdade, quem não tem dinheiro fica. Fora as pessoas que ganham bolsas da Marte Travels para viverem em Marte. 

Ele fecha os olhos, mas nem assim imagem da terra seca desaparece. Ainda lembra de 2040 quando era mais novo e conseguiu ver um pouco da natureza nos parques, sua mãe dizia que não era mais tão bonita, mas ainda assim quando chovia levantava um cheiro fresco da terra molhada. Agora só levanta ácido que queima o nariz.

- Passageiros do voo MT1984 por favor dirijam-se até o portão B24 para Embarque. Por favor, tenham em mãos o passaporte inteplanetário. Primeiramente será realizado o embarque de clientes plus e prioritários.- diz a voz feminina no alto-falante. 

Abraços que pousam,
Mayara Floss

11 julho 2018

Atlântida

Ilustração: Pawel Kuczynski

- Quando a senhora começou a se sentir triste?
- Ih doutora, foi quando tive que vender as terras...
- E por que teve que vender as terras?
- Porque se não ia virar peixe.
- Como assim?
- Vinha a barragem para alagar nossas terras... Até hoje fico pensando onde era minha casinha e eu era feliz, mas agora afundou.

Abraços que pousam,
Mayara Floss

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