23 setembro 2015

O congresso que quero


1º Conferência Mundial Comunitária de Medicina de Família e Comunidade - um espaço que talvez um dia vire realidade...

Esse texto vai destoar um pouco dos outros. Mas queria de alguma forma exteriorizar um pouco desse espaço que venho sonhando. Queria que meu próximo congresso de medicina de família e comunidade fosse em família e comunidade. Melhor, se o congresso fosse de medicina rural queria que o congresso fosse na zona rural em parceria com a comunidade em um desses galpões do interior. Queria que fosse no meio com a participação popular. As palestras seriam mistas ora comunidade, ora meio acadêmico.

Esse congresso teria uma programação variada e a hospedagem seria na casa das pessoas da comunidade. Vamos discutir medicina de família e comunidade na comunidade, em comunidade. Reverter os lucros e gastos com a comunidade. A alimentação seria feita nos CTGs (Centro de Tradições Gaúcha, no sul), ou nos centros comunitários de cada cultura seria mãos juntas e não hotel chique em um mar de desigualdades. Não é sonho louco (só um pouco), mas uma boa logística, integração, segurança e liderança podem mudar a perspectiva.

O movimento disso tudo seria integrar os diferentes meios. Dividir um pouco desses conhecimento, abrir outros diálogos. Nesse meu sonho vejo as artesãs discutindo saúde com médicos e gestores. Seria vivenciar e não passar por congressos. Seria mudar perspectivas, imagina a ideia pelo mundo? Eu não conheceria a Índia eu viveria a realidade daquela comunidade, ou na China, ou qualquer lugar do mundo (claro que seria pontualmente, só um pouquinho, mas seria). Queria que no domingo quando o congresso terminasse as pessoas fossem para suas casas não só cheias de ideias, mas diferentes. Conhecimento diferentes, gente sabida (como diz o Eymard) e sabedorias. 

1º Congresso Comunitário do Morro!
 Penso também que seria complicado porque ao mesmo tempo que todos os holofotes estariam naquela comunidade depois eles apagariam e teríamos que lidar bem com isso. Não sei qual o impacto, não sei se é muito loucura, mas vejo também a loucura dos congressos engravatados falando de tudo com muita propriedade, lugares caros fora da minha realidade e fora da realidade da comunidade. Grandes coffee breaks, grandes aberturas, grandes hotéis, aparatos tecnológicos, bolsas produzidas nas grades fábricas (e o trabalho artesanal?)... Mas não vou deixar de sonhar algo mais tangível, mais comunidade, mais realidade. 
Imagino a chamada: venha conhecer Caratinga (em homenagem ao amigo Igor), venha conhecer a pequena praça central da cidade com menos de 100.000 habitantes, no interior do Estado de Minas Gerais. Só chegar lá já seria parte do aprendizado. Nem toda a população está nas grandes cidades, nos grandes centros. Ou "Congresso de Medicina de Família e Comunidade do morro da Maria Degolada" em Porto Alegre. O coffe break poderia ser feito no bar local, seria a comida da comunidade. Quem sabe poderíamos ter uma experiência de como é o trabalho rural em uma determinada região, uma palestra fundamental dada pelo agricultor local. 
1º Conferência Mundial Comunitária de Medicina de Família e Comunidade - Caratinga/MG
 Poderia ainda ter roda de benzedeiras e curandeiros locais. E uma vasta programação discutindo saúde e vida em saúde. Essas são as ideias dos congressos que quero ainda ver. Que apesar de sonho parecem mais realidade do que os que tenho participado. 

Voam abraços,
Mayara Floss

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