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11 novembro 2015

Doutora, qual é o meu problema?




Exposição "Limites" sobre os plantões médicos da Leticia Ruiz Rivera. Veja mais clicando aqui.


Paciente com história de insônia, despertares noturnos, perda do apetite, perda de peso acentuada nos últimos meses, isolamento social, utilização de múltiplas drogas, agitação, rebaixamento do sensório, realização de diversos exames, astenia, adinamia, realização de diversos procedimentos, dor epigástrica, em queimação, consumo em excesso de bebida cafeinadas em excesso, desidratação...
Depois de coletar a história e fazer o exame físico o paciente pergunta com a voz rasgada:

Doutora, o qual é o meu problema?

É medicina, filho, é a medicina.

Voam abraços,
Mayara Floss

11 abril 2014

CONVERSA CORRIQUEIRA (QUASE VERDADE)

Ponto de partida - Ernande (2014)

Ernande Valentin do Prado

Estou deitado em um colchão jogado no chão da sala. Larissa ao meu lado. Estou lendo Ao encontro da Sombra (para um seminário do curso de Eymard). Ela não para de falar:
- Faz uma semana que não nos falamos, sinto falta de lhe atrapalhar. Você não sente falta de ser atrapalhado?
- Sinto, respondo de sobrancelha (como me ensinou Mavie Elói).
- Amor, quero lhe atrapalhar, quero lhe atrapalhar, quero lhe atrapalhar.
- Sou mais produtivo quando você e as crianças me atrapalham.
- Eu sei, ela responde de sobrancelha. Sinto falta de lhe atrapalhar mais vezes.
Leio mais um pouco:

Sou um autodidata por natureza. Valorizo o aprendizado pela experiência. Muitas vezes, quando fixo meu pensamento e minha atenção num assunto, as sincronicidades ocorrem. Algum evento significativo — mas não causalmente relacionado — acontece na minha experiência exterior ou às pessoas que conheço. Sinto-me, sempre, renovado e confortado por essa resposta tão imediata. Esses eventos me trazem a confirmação daquilo que é real e verdadeiro.

- Tá sentido?
- Tô.
- Tava com saudade da minha comida?
- Muita.
- O cheiro tá invadindo a sala. Essa casa é toda esquisita, mas não importa onde a gente more, o quanto façam remendos na casa, ela acaba fincando com nossa cara.


- Verdade.

Políticos, de esquerda e de direita, continuam a não entender as coisas. Eles acham que o inimigo desaparecerá no instante em que mudarmos a maneira como nos servimos das nossas armas. Os conservadores acreditam que o inimigo se assustará e ficará manso se tivermos armas maiores e melhores.


 Alguma coisa me atrai no mar: a imensidão azul, o barulho das ondas, não sei explicar.
- Vai ver você foi um golfinho na outra vida.
- Não sei, talvez tenha sido...
- ... Um peixe espada que faca a gente (como dizia a Alice dos 3 anos).
- Preciso escrever isso. Estou sem assunto para sexta-feira (dia de postar no Balsa das 10).
- Tinha um cara no terminal de ônibus hoje cedo com um peixe enorme. Era tão grande que o rabo arrastava naquela água de esgoto que corre lá. Daí a pouco ele voltou, disse que vendeu o peixe por 200 reais.

No entanto, por mais que eu possa protestar, um olhar honesto sobre mim mesma e meu relacionamento com o resto do mundo revela que eu também sou parte do problema. Já percebi que, num primeiro contato, desconfio mais dos mexicanos que dos brancos. Percebo meu apego a um padrão de vida que é mantido as custas de pessoas mais pobres — uma situação que só pode mesmo ser perpetuada através da força militar. E o problema da poluição parece incluir o meu consumo de recursos e a minha produção de resíduos, A linha que me separa dos "bandidos" é indistinta.


- As pessoas acham lindo o lago, mas jogam lixo nele.  Será que imaginam que o lixo vai sumir, não entendem que o lixo vai voltar pra cima deles?
- Eu penso nisto todo dia.
- Alice ontem mordeu um copo e furou o queixo. Ela ficou desesperada, enquanto não lhe mostrei que não tinha machucado tanto, não sossegou.
- Como ela quebrou um copo no dente?
- Era um destes copos chiques, bem fininhos.
- Eu sempre mordia copos quando era criança, mas nunca consegui quebrar nenhum.
- Vai ver isso é do DNA.
- Vai ver é.
- Bia vestiu-se como moça e saiu com as amigas na sexta-feira. Foi na praça brincar de esconde-esconde.
- Até ontem era uma menininha, agora já virou moça.
- É tão interessante olhar isso: tem hora que é moça, tem hora que vira menina de novo.
- Pra gente que é pai (e mãe) é tão difícil isso: ontem ela estava varrendo o chão com os cabelos, agora já tem corpo de mulher.
- As meninas crescem tão rápido hoje em dia. No meu tempo parece que não era assim. As meninas estão crescendo rápido demais. Acho que são esses hormônios...
- Verdade.
E o tempo vai passando...
É tão bom estar em casa.

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

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