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16 setembro 2016

SOBRE ELEIÇÕES, CORRUPTOS E CORRUPÇÃO

Fonte da foto: internet.
Ernande Valentin do Prado
A visão de um bando, com bandeiras azuis com números dentro, prontos para invadir uma comunidade, que no resto dos dias passa abandonada, achincalhada e que seus moradores viajam nos piores entre os piores ônibus públicos de João Pessoa, fez me lembrar dos versos da música de Bezerra da Silva:
“Hoje ele pede seu voto
Amanhã manda a política lhe bater”
Essa comunidade ocupa uma faixa nobre próximas da orla de João Pessoa. Todos os outros pontos, nesta mesma faixa, já foram ocupados por prédios de alto padrão, que estão no imaginário da elite Branca[1], que possivelmente sonha com uma remoção dos moradores, preferencialmente em uma ação policial violenta na madrugada.
Quase sempre tem um juiz (elite branca) disposto a dar autorização, não é mesmo?
Mas nesta época todo mundo conta. Cada pessoa um voto. E na comunidade eles devem ser bem mais baratos do que em outros locais da cidade. Isso parece ser o suficiente para explicar porque as pessoas que têm horror em adentrar nas ruas e vielas mal cheirosas daquele lugar, durante todos os dias dos anos que não têm eleições ou que não se pode fazer campanha, nesta época invadem a comunidade com bandeiras e santinhos nas mãos e sorriso nos rostos.  
Levam muitas promessas em nome de seus patrões, mas os moradores já sabem ser mentiras arrumadinhas. Fingem acreditar, mas no final das contas querem saber quanto é que vão levar para votar e apoiar o “canalhocrata” do dia, como diria mestre Bezerra da Silva.
É fato, neste sistema eleitoral que atende perfeitamente as necessidades, materiais e espirituais, das elites brancas, o voto não é dado, mas vendido. Francamente: vender o voto é, quase sempre, a única forma de garantir receber algo dos políticos (que depois vão mandar a polícia para negocias as políticas públicas). Quem acredita que não é bem assim talvez nunca tenha andado pelas ruelas das comunidades do Brasil (que antes se chamavam favela).
O fato de não saber em quem acreditar, ou (correndo o risco de uma obviedade burra) não pode acreditar em nenhum candidato, serve, entre outras coisas, para justificar porque não existe mais o jogo de convencimento, que já existiu um dia, entre candidatos e eleitores. Hoje o que acontece é uma negociação comercial na cara dura.
- Quanto me dá pelos meus votos?
- Quantos votos tem em sua casa?
Por exemplo (sempre gosto de exemplos): nas eleições municipais passada estava na Bahia. Um determinado candidato a vereador quase perdeu a esposa, porque no final das eleições só restou, em sua casa: o fogão (que a mulher se recusou a doar em troca dos votos, ameaçando abandona-lo) e parte do telhado da cozinha. O resto tudo deu pagando os poucos votos que teve.
Por outro lado, não sei se aceito tão bem o argumento de que é impossível existir políticos e governos honestos com um povo tão antiético quanto o brasileiro. Pode até ser verdade, mas também esconde a necessidade das elites brancas se justificarem, nem que seja a Deus ou a suas consciências (se é que têm), diante do sistema que aqui montaram e administram desde sempre, ora com este ora com aquele outro partido (que dá no mesmo).
No Brasil (correndo o risco de estar fazendo chover no banhado, com essa fala) as instituições são corruptas (tanto faz se púbicas ou privadas, do executivo, legislativo ou do judiciário e, pasmem: até as instituições religiosas não gozam de boa fama).
Essas instituições são dirigidas ideologicamente pelas elites financeiras (que realmente detêm o poder, não importa qual o partido à frente ou atrás da mesa presidencial). São corrompidas desde que aqui chegaram, vindas da Europa, trazendo armas, espalhando discórdia, ódio e levando ouro, açúcar, pau Brasil. Enfim, parece um obvio ululante dizer que são elites mal intencionadas e corrompidas até a pleura, como diria o bom Sargento Borba (orgulho da direita tupiniquim).
Ainda hoje os governos, o estado e suas instituições (na ânsia de centralizar o poder), são organizados para impedir que as vozes dos honestos (e do povo em geral) sejam ouvidas ou que tenham algum peso nas decisões públicas. A voz das classes populares, certas ou erradas, não contam quase nada no dia-a-dia. Quando se vê o grau de corrupção das instituições públicas e privadas deste país, dá para dizer: “se o povo fosse tão corrupto quanto, não teríamos mais nação, nem teríamos como sair à rua sem sermos esfaqueados”.
Por exemplo, as instituições brasileiras organizaram o processo eleitoral (inclusive com a participação do judiciário) de uma forma que Partidos (quase todos corrompidos) escolhem candidatos (quase todos mal intencionados) sem necessidade de participação popular.
A mesma coisa pode se dizer dos sindicatos (quase todos eles não precisam dos trabalhadores para se manter financeiramente e menos ainda para deliberações). Acho até que preferem assim, fica mais fácil negociar e tomar decisões sem tanta gente dando opiniões, fiscalizando os atos da diretoria e lhe chamando de pelegos.
Até o controle social no Sistema Único de Saúde, tão bem desenhadinha pela leio 8.142/90 e defendido com unhas e dentes por quem se diz favorável a um sistema de saúde público e de qualidade com a participação popular, é feito sem a real participação popular (não porque não queiram, mas porque é perda de tempo, sabem que quase nada que debaterem contará para a decisão final, que é do dono do mandato ou de alguém designado por ele).
A população só pode votar, no processo eleitoral, entre os candidatos escolhidos pelos partidos. E se os partidos têm processos de escolhas baseados no oportunismo, no ganho financeiro, nos esquemas múltiplos, na troca de favores, toda escolha feita pelo eleitor será errada, ou estou errado?
Isso parece muito mais uma armadilha do que uma democracia.
Em quantos candidatos o eleitor realmente pode confiar? E se o eleitor desconfiar de todos os candidatos apresentados pelos partidos e financiados pelos empresários (quase sempre tão ou mais mal intencionados do que os partidos), faz o que?
Se votar, neste sistema, vota errado. Se anular o voto é chamado de alienado. Votar em outros, que não foram escolhidos pelos partidos, não pode e mesmo que pudesse, quem saberia que são candidatos, sem o financiamento de campanha dos empresários?
Será justo a população, refém desse sistema, ainda ser chamada de corrupta, de responsável pelas escolhas das elites financeiras e culturais (corruptas, quase todas) e pelo estado (em essencial corrupto, pois é a expressão das elites)?
Pode até ser verdade que o povo é corrupto, mas parece ser um comportamento aprendido com as elites corruptas, ou seja, é um exemplo que vem de cima e não se aplica a maioria de nós.
Talvez essa seja uma “verdade” tão absurda que o melhor é ignorar ou desacreditar, do contrário, fica-se louco de tanto tentar encontrar uma saída.

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]



[1] Elite Branca, no Brasil todo, tem de várias cores: elite branca Japonesa, elite branca parda e de vários outros tons. Ser elite branca é quase um estado de espírito.

23 outubro 2015

A “VERDADE” IMAGINADA


Ernande Valentin do Prado

Para meu amigo Paulo,
com quem divido o gosto pela literatura.

          O primeiro livro que li foi Cem noites tapuias, da coleção vagalumes. A professora, na cidade de Arujá, São Paulo, onde cursei a quinta série, pediu que fizesse um resumo. Não foi coisa simples: primeiro, custava caro e meus pais não estava em uma situação financeira muito boa (aliás, acho que nunca tive na vida uma situação financeira boa, mas essa foi uma das piores), segundo porque não foi fácil encontrar, tive que percorrer várias livrarias. Terceiro, porque fazer resumo é muito chato.
      Depois descobri que existia uma biblioteca na cidade. Ficava longe, quase fora da cidade, no meio de uma mata ou bosque, não sei (em minha lembrança era uma mata, até um bicho preguiça eu vi no caminho). Lá descobri outros livros: menino de asas, o mistério do cinco estrelas, o escaravelho do diabo. Li todos, sem a professora pedir. Tomei gosto.
       Na adolescência, meu primeiro livro foi 2001 - Odisseia especial. Estava jogado em um canto da casa de minha avó materna. Ninguém sabia de quem era, peguei para mim. Foi muito interessante observar as diferenças entre a narrativa cinematográfica e a literatura. Por exemplo, no filme 2001, a famosa cena, de pouco segundos, em que o homem usando um osso como arma, conquista a natureza a sua volta, impondo-se sob os outros animais mais fortes, mais rápidos do que ele, e, em seguida o joga para alto e este gira até se transformar em uma espaçonave, é descrita em três páginas. Tomei gosto pela ficção científica desde então.
         O primeiro livro de literatura brasileira adulta foi Angústia, de Graciliano Ramos. Agora os autores começaram a ter importância, além das histórias. Foi com Angústia que descobri que uma história não precisava começar no começo e terminar no fim. Foi uma constatação que revolucionou meu modo de pensar.  Aliás, em literatura, as histórias não precisam necessariamente ter começo, meio e fim, não nesta ordem, mas esta é outra conversa. O engraçado é que o livro mais importante de minha vida, que é sem dúvida Angústia, não lembro onde, nem quando li pela primeira vez.
         No Pirapó, distrito de Apucarana, no Paraná, onde passei boa parte da adolescência, interessei-me por filosofia e tentei ler os clássicos, mas era muito difícil (não conseguia entender nada), então li um pouco de história e continuei na literatura, nos livros que haviam disponíveis na biblioteca da escola, depois descobri a biblioteca pública do bairro 28, em Apucarana – ia quando dava. Nesta época lia um livro de cada vez e de vez em quando.
      Depois de sair do quartel em 1989, (onde fui obrigado a ficar um ano, 28 dias e algumas horas), fui para Fazendo Rio Grande, Região Metropolitana de Curitiba. Lá fiz o segundo grau. Conheci o Paulo, o cara consumia leitura, sobretudo literatura, como consumia ar. Certa vez, olhando a capa do livro Grande Sertão Veredas, ele disse:
          - já leu?
         Não tinha lido, aliás, não tinha lido nada de Guimarães Rosa, ainda. Paulo disse: já li, é muito bom.
         Aliás, tem uma história ótima sobre livros de Guimarães Rosa:
        Chegou em minha mão o livro, Primeiras Histórias. Li, achei lindo, resolvi ficar com ele, ninguém sabia de fato quem era o dono. O livro ia sendo roubado por quem podia e achei que era hora dele achar um dono que o amaria para sempre. Certo dia, uma colega (Fátima), estava em casa, viu o livro, pegou, analisou e disse:
         - Esse livro é meu...
         - Como assim? Eu roubei do Marcelo?
         - Acho que o Marcelo Roubou de mim, disse ela, muito tranquila.
     Mas tudo bem, ladrões de livro, certamente vão para o céu.
         Outra história interessante:
       Estava na cada de um amigo, Adilson, professor de literatura. A parede do quarto tomada de livros, várias edições de um mesmo título de Machado de Assis (seu autor favorito). Segundo ele, edições diferentes tinha sua importância, nunca entendi qual, mas o Paulo também colecionada edições diferentes de uma mesma obra.
          Perguntei, como que fazendo sugestão:
        - Já ouviu falar daquele movimento de gente que abandona livro nas ruas, praças, para que outros achem?
           - Já! Disse ele, vivo procurando nas ruas, mas ainda não achei nenhum.
           Mas voltemos à nossa conversa.
         Em Curitiba havia (acho que ainda há), uma biblioteca estadual maravilhosa. Lá ia toda semana ou ao menos há cada 15 dias. Com o tempo íamos eu e Paulo. Nela vivi experiências profundas: passei 45 dias cavalgando pelo interior do Minas Gerais, com os jagunços de Grande Sertão Veredas, sempre à espreita de uma tocaia. Com Lívia, passei 15 dias morando à beira mar, esperando a inevitável tragédia com Guma. Ajudei nas buscas do corpo em alto mar, observando as águas cor de chumbo do Mar Morto de Amado Batista. No Rio Grande do Sul senti o calor me sufocar no interior da cabana de Ana Terra, pouco antes dela se entregar ao amor de sua vida e ter um filho ilegítimo que mudaria sua vida e de todo o povo gaúcho. Com Bebel, vaguei de bar em bar, de show em show, conheci artistas famosos, enchi a cara, cai na degradação em busca da fama perdida, até ser comida pela cidade de Inácio de Loyola Brandão. Com Domingos Pellegrini ajudei a desbravar as matas, as estradas lamacentas da Terra Vermelha do norte do Paraná e a fundar a cidade de Londrina.
           Paulo, certa vez disse:
           - Melhor não ler muito rápido. Literatura a gente tem que saborear aos poucos.
           Lia muito rápido porque passava tempo demais nos ônibus ou esperando os ônibus (não acredite quando dizem que em Curitiba o transporte é bom – pode ser melhor que de outros lugares, mas bom não é). Ia para metalúrgica lendo, voltava lendo. Se pegava a fila do banco (adorava) passava horas lendo. Daí lia com facilidade três livros a cada 14 dias, tempo máximo de empréstimo, número máximo de livro que se podia pegar de cada vez, naquela época. Lia um, terminava e começava outro. Mas Paulo disse:
           - Leia três de uma vez.
           - Mas não mistura as histórias? Quis saber.
           - Eu leio cinco de cada vez, disse ele.
          No início não foi muito fácil, mas com o tempo dominei a técnica de ler três livros ao mesmo tempo. Tomava o cuidado de escolher um de cada assunto: literatura, sociologia ou história, biografia, ou qualquer outra coisa.
          Nesta conta não entravam os livros obrigatórios da escola. Os que tinha que ler por obrigação. Aliás, eu e Paulo quase cursamos letras, mas a ideia de ser obrigados a ler José de Alencar nos apavorava. Juntos quase fizemos muitos outros cursos universitários, mas acabamos mesmo é trabalhando de pedreiros e fazendo o curso de Auxiliar de Enfermagem.
           Uma noite, na aula de literatura, descobrimos que a professora havia cursado letras e nunca tinha ouvido falar em Graciliano Ramos. Espantado e Indignado, com a fina ironia extremamente ácida, Paulo perguntou:
            - Em que faculdade a senhora se formou mesmo?
           Depois disso ela não conseguia mais dar aula, ao menos em nossa turma. Mas essa turma era mesmo difícil. Paulo, com frequência e sem nenhum esforço, sabia mais do que quase todos os professores, em qualquer assunto e disciplina e constantemente os auxiliava nas dificuldades (ser professora é muito difícil).
         Paulo falava de muitas coisas ao mesmo tempo, não se perdia em nenhum assunto, conseguia dar continuidade em todos, fechava todas as janelas que abria, não deixa pontas soltas. Sabia de literatura, inclusive da bíblia e debatia com as testemunhas de Jeová no domingo pela manhã. De minha casa, as vezes, observava as testemunhas entrando numa fria no portão da cada dele. No grupo de jovens, no sábado à noite, comovia todos com apresentações bem elaboradas.
          Um dia Paulo fez as contas:
         - Se eu ler x livros por semana, durante x anos, vou ler x livros durante a vida. É muito pouco, por isso, não posso perder tempo com Paulo Coelho.
      Durante a faculdade de Enfermagem, ao menos nos três primeiros anos, continuei lendo ao menos três livros de literatura por mês, e ainda dava conta de ler tudo que me pediam, antes dos prazos. Depois fui me concentrando nos livros de saúde coletiva. Faz tempo que não leio literatura.
        Estes dias foi tomado por um violento desejo de ler Androides sonham com ovelhas elétricas? (na biblioteca de Curitiba, esse livro nunca estava disponível). Gostei. Sempre tive muito preconceito com literatura norte americana (com exceções como Edgar Lawrence "E. L." Doctorow, de quem li várias vezes: Ragtime, Billy Bathgate e O Livro de Daniel). Aprendi com Paulo que Sidney Sheldon, para citar um autor da moda na época, e seus derivados, era uma literatura de segunda ou terceira linha, que a literatura de verdade, aquela de nível, estava na América Latina: Mario Vargas Llosa, Gabriel García Márquez e no Brasil, é claro.
         Mas ler o livro de Philip K. Dick me deu imensa alegria, apesar da história ser angustiante e perturbadora. Ele morreu muito jovem e possivelmente com pouca grana. Nos anos oitenta ele recursou 400 mil para novelizar um filme de hollywood (baseado em sua própria obra) e relançou a obra original, ganhando apenas 12 mil. Para justificar disse, não exatamente com essas palavras:
             - Não estava precisando de dinheiro, já havia pago todas as prestações de meu aparelho de som.
           Depois deste livro, lembrei-me que tenho uma dívida com os Russos, por isso comecei a ler Guerra e Paz de Liev Tolstói. Lá pelas tantas, na página 37 da versão digital (que é péssima – não leiam), Pedro, um entre centenas de personagens, disse:
              [...] em conclusão, dizia de si para consigo: «Todas estas palavras de honra são coisas convencionais, sem qualquer fundamento sério, sobretudo quando uma pessoa pensa que amanhã pode estar morta ou em circunstâncias tais que as palavras de honra e desonra não tenham o mais pequeno significado.» Pedro costumava.
            Por causa disso, lembrei que a literatura ou a imaginação, antecipa-se à ciência, a tecnologia, a filosofia, a sociologia. Há diversos argumentos que tentam provam isso, e outros tantos estudos (que o povo da ciência não vai aceitar, mas não me importo com a verdade, como diz Maturana). Essa falta de perspectiva no amanhã, que Pedro, personagem de Tolsti, evoca, é justamente um dos argumentos centrais no livro, A corrosão do caráter, de Sennett e também é tratado no livro, A sociedade individualizada, de Bouman. Eles discutem a degeneração social, a degradação das relações sociais na era da globalização, a partir da noção de que não há amanhã, de que tudo é provisório, portanto, não se pode (ou não é viável) manter compromissos por muito tempo.
            Enfim, a literatura antecipou em pelo menos 100 anos essa percepção, e centenas de outras. Parece que o poder da imaginação (precedido ou sucedido de observação da realidade) não fica devendo nada as reflexões cientificas e/ou filosóficas.

 [Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

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