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21 julho 2017

A MENTIRA ME INTERESSA CADA VEZ MAIS

Imagem capturada na internet, 2017.
Ernande Valentin do Prado

I

Eu pedi uma cerveja
dessas puro malte
amarga

Ela bebeu
sorriu
fingiu gostar

Só pra me agradar

II

No jantar
peixe assado
uma delícia

Ela abriu um vinho branco
na temperatura certa
Combina com o peixe (disse ela)

Fingi gostar (só para agradá-la)

III

A classe média
em nome da moral
da honestidade

bateram panelas
marcharam pelas ruas e avenidas
pedindo justiça

não consegui fingir acreditar

[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

03 fevereiro 2017

SOBRE PATRÕES, MAIS VALIA E UMA CONVERSA NO FACEBOOK

Imagem captada via Google.
Ernande Valentin do Prado

“Eu despedi o meu patrão
Desde o meu primeiro emprego
...
Ele roubava o que eu mais valia
e eu não gosto de ladrão”.
Zeca Baleiro

Verdade, meu amigo, existem patrões (que parecem) bons, como você diz. Dignos, que pensam fazer tudo que podem para ajudar o seu empregado. No entanto a função “patrão” não é digna. É uma falácia dizer que o empregado precisa do patrão mais do que este do empregado, como os empresários gostam de encher a boca.
Imagina, por mais absurdo e irreal que lhe pareça: se hoje todos os trabalhadores do mundo, com ou sem carteira de trabalho, com remuneração que dá para sobreviver ou não, resolvessem cruzar os braços (inclusive as forças militares que poderiam acorrentar e obrigar os empregados a continuar produzindo para os proprietários dos meios de produção), o que aconteceria?
Uma greve impensável, com adesão de todos e todas que não são proprietários dos meios, nem das terras produtivas, causaria o que na economia mundial?
 Uma greve, não por um dia, não por uma semana, não por um mês, não por um ano mas por toda vida. O que os patrões poderiam fazer? Como iriam se alimentar? Como iriam por seus filhos em escolas caras, sem ter as professoras mal remuneradas para lhes ensinar? Como iriam cozinhar, lavar ou abastecer seus carros, defender seus patrimônios contra os que nada têm? Sem ninguém para fabricar, abastecer, trocar os pneus furados de seus carrões, como iriam se deslocar de um canto para o outro?  Como iriam comer sem ninguém para cozinhar, para lhe mostrar onde fica a cozinha, como ligar o gás? Quem iria limpar a bunda de seus filhos, quem iria passear com seus cachorros?
Se acontecesse essa greve e o dinheiro sujo do patrão perdesse o valor, quem iria definhar até morrer de fome e quem sobreviveria, mesmo que fosse comendo o que planta?
A relação patrão/empregado, segundo Maturana não pode ser considerada uma relação social, assim como a relação entre militares. Reconhecer a existência de “bons patrões” seria mais ou menos como dizer que existe ladrão bom, traficante que é bom por distribuir parte do que ganha com a comunidade, que assassinos são bons por matar quem a gente não gosta. Um assassino que mate deputados, que mate corruptos, que mate estupradores e pedófilos continuaria sendo assassino, por mais que uns e outros ou até ampla parcela da sociedade o considere um benfeitor. Concorda?
O patrão precisa extrair a mais valia do empregado e faz isso com prazer sádico, de uma forma que hoje, oito pessoas no mundo têm o mesmo patrimônio que os outros 50% da humanidade, segundo a ONG britânica Oxfam. 99% dos seres que Deus colocou na terra vivem para sustentar os outros 1% com luxos que nem consigo imaginar. Esses números que anunciam o fim do mundo não são produzidos pela esquerda, são de instituições capitalistas, o que quer dizer que a situação pode ser ainda mais detestável.
O mundo caminha para o apocalipse zumbi (se é que já não começou). E quem dirige um carrinho modesto de R$ 110, 180 mil reais, destes que inundam as ruas de João Pessoa (as mesmas que estão ficando encharcadas de pedintes, enquanto os bem nascidos comemoram que já podem encontrar empregadas domésticas para dormir no trabalho por menos de salários mínimo) não se dão conta, não podem admitir que são escravos. A classe média, tão necessária para acumulação de capital nas mãos da alta burguesia, vive situação de subalternidade tanto quantos os que estão abaixo dela, embora com conforto material e espiritual muito superiores. Não podem admitir que são serviçais, tanto quanto qualquer um de nós. A classe média não pode reconhecer que faz o papel do pelego que amacia as costas do trabalhador para que o patrão possa descansar suas bundas brancas – e vamos ser sinceros, a bunda dos patrões são quase sempre bancas.
A diferença substancial entre um trabalhador que ganha 500 reais mensais e um que ganha 15, 25 mil, por mais que determine vidas completamente diferentes, com possibilidades muito distintas, não é tão radicalmente distinta quando se pensa na vida que leva a alta burguesia. Se a classe média admitisse a própria servidão poderia haver suicídio em massa, o que é absurdo demais. Melhor viver na ilusão de que desfrutam da estima e dos privilégios dos que habitam o lugar onde querem e acreditam que vão chegar.  
Se ainda vivemos na época clássica da servidão no Brasil, a comparação seria mais ou menos assim, por mais imprecisa e ridícula que seja (e reconheço que é): o escravo que cortava cana vivia na senzala e o escravo que fazia trabalhos domésticos dormia no quartinho anexo da casa, para melhor servir os desejos do dono, na hora que esses desejassem. Comiam melhor, vestiam-se melhor, tinham um trabalho menos pesado, é verdade. Por outro lado tinha muito menos consciente de sua condição, menos coragem de se rebelar e fugir para os quilombos.  
O patrão, por mais humano que possa ser, extrai a mais valia do empregado. Essa é a principal função da “instituição patrão”. Enquanto pessoas, meu amigo, concordo contigo, o patrão pode ser bom (dentro do conceito de bom dos privilegiados). Penso a mesma coisa de militares, de deputados, de vereadores e até de ladrões e assassinos. Tem quem presta, tem os dignos, honestos (mesmo que não pareça, mesmo que não concorde com seus modos). O problema é que a instituição, a função social deles está errada, não deveria existir. A sociedade deveria se organizar de outra forma, não deveria existir deputados, vereadores, militares, assassinos, ladrões e não deveria existir patrão.  
Estou falando de ideias. Também não sei dizer como iriamos nos organizar sem essas instituições, o que sei é que existem formas mais justas de se viver neste mundo e é papel nosso descobri-las e, se for o caso, inventá-las. Enquanto não fazemos isso ao menos podemos nos indignar, já é algo mais do que a indiferença sádica e sínica em que vive a maioria.


[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

11 março 2016

A CULPA, AS ESTRELAS E A BOCA ABERTA DO MINISTRO

Figura 1: Nada a declarar. Fonte: microvip.com.br
Ernande Valentin do Prado

Em um mundo cada vez mais parecido com as grandes ficções científicas distópicas, parece cada vez mais plausível culpar a vítima por tudo de errado que lhe é infligido. Se a mulher é estuprada, a culpa é dela por ser atraente, não do doente incentivado pela sociedade. Se o aposentado é obrigado a conviver com uma aposentadoria insignificante, a culpa é dele por não ter enriquecido quando jovem. Se a criança não chega a faculdade, é culpa dela, porque poderia ter se esforçado mais. Mentalidade dos vencedores, mas transplantada para as vítimas, numa espécie de síndrome de Estocolmo sinistra.
Mas algumas pessoas exageram. Vai vendo...
Dias destes, em uma rede de rádio que toca notícias, um Ministro do Tribunal Eleitoral, afirmou que o povo não é vítima, mas culpado da existência dos maus políticos. Alguma semelhança com a introdução deste texto, não é mera coincidência.
Será que esse senhor, com tanto poder, tanto estudo, tanto dinheiro, privilégios e mordomias pagas com o dinheiro que poderia ser mais bem aproveitado se aplicado na melhoria da vida do povo, está fazendo algo mais do que jogar areia em olhos já tão embotados?
Dizer que o povo é culpado pelos maus políticos poderia ser uma baboseira sem tamanho, uma demonstração de ignorância contumaz, cegueira diante do “obvio ululante”, se não fosse uma estratégia astuta de culpabilizar a vítima, assim como faz alguns profissionais de saúde ao dizer que a responsabilidade por estar doente é do indiviso que sofre, é o mesmo que culpar a mulher estuprada e não o facínora machista que a estuprou.
Parece que a intenção deste ministro ao afirmar o absurdo, está clara para quem se beneficia do esquema, assim como o estuprador sabe o que significa ser inocentado (por seus parceiros machos) por ser um doente violento, perigoso e covarde, porém o que dizer das vítimas da injúria? Será que não acabam se convencendo que são responsáveis por cair na armadilha?
Se o povo é realmente culpado da existência de tantos políticos covardes, criminosos comuns, charlatões, mentirosos, safados, integrantes de quadrilhas, como diria os titãs: “filho-da-puta, corrupto, ladrão”, poderia ele reclamar pelo modo como é roubado, vilipendiado, humilhado, destratado pela maioria dos políticos, dos juízes e até pelos servidores públicos?
Se ele é culpado por sua tragédia, só lhe restaria escolher melhor, não é isso?
Fica parecendo que o sistema é bom, que funciona e possibilita boas escolhas. Será que é assim o nosso sistema eleitoral?
Será que senhores, como esse ministro e outros da mesma laia dele, (de terno e gravata, com o bolso e a barriga cheias a custo do estado), quando dizem que o povo não escolhe bem, não estão simplesmente querendo dizer que o povo não está escolhendo quem eles gostariam que fossem escolhidos? Será que eles se importam com a escolha de pessoas honestas, honradas, decentes?  Qual administração na história do Brasil investiu realmente em promover os menos endinheirados? Será que ministros, juízes, promotores, deputados, senadores e todos esses têm condições morais de julgar as escolhas populares? Será que quem faz do Brasil uma monarquia retrograda, corrupta, violenta e indigna não são essa gente que deixam soltos, e se candidatando com aval da lei ridícula da ficha limpa, gente como Maluf, Cunha, Sarney, entres dezenas de outras famílias que fazem inveja a Don Vito Andolini Corleone?
Um ministro dizer que a sociedade é culpada pelos maus políticos não é ignorância, não é burrice, nem miopia, essa gente não tem direito a ser ignorante. Esse ministro e os jornalistas que não ofereceram contraditórios às afirmações ridículas, agem de má fé, possivelmente em conluio, mas pode ser apenas que não sabem, não possam dizer a verdade, não queiram, tenham se acostumado a mentir, por dever profissional e colaboracionismo.
Só em fevereiro de 2016, em apenas um estado brasileiro, a Paraíba, 180 prefeituras foram arroladas em denúncias de desvio de verbas. No estado de São Paulo estão desviando dinheiro da merenda escolar, da construção do metro (que não pode ser investigada por 50 anos). Em Minas Gerais aeroportos são construídos com dinheiro público em terras de parentes do ex-governador, quase todas as grandes empresas que fazem negócio com o estado estão envolvidas com pagamento de propinas, órgãos de imprensa e personalidade públicas estão envolvidas em sonegação de impostos, grandes infratores multados por órgãos ambientais não pagam as multas milionárias fictícias, se o presidente da câmara dos deputados é um canalha convicto e chantagista (que lavou dinheiro até na Igreja de um conhecido pastor boca aberta, que segundo o Boechat, deveria procurar uma rola), se o presidente do senado é réu de dezenas de processos e o judiciário, com seu aparato técnico, financeiro, moral, não consegue fazer nada, por que o povo conseguiria?
A justiça não consegue (ou não quer fazer nada), não consegue punir ninguém (a menos que a punição lhe interesse de alguma forma), e pessoas envolvidas com tudo isso, em qualquer eleição, são candidatas com aval da lei da ficha-limpa (ridícula demais), a culpa é do povo?
Se o judiciário, com todo seu aparato jurídico, leis, normas, verbas, não consegue fazer nada, como o povo pode conseguir. Posso entender que a justiça não quer fazer nada e que o Ministro está sugerindo que o povo deveria linchar os corruptos?
Será que o povo, vítima deste sistema montado pelas classes dirigentes: politica, financeira e culturalmente, pode ser responsável por não conseguir escolher corretamente entre o canalha da hora e o ladrão do patrimônio público de sempre?
Quem permite que esse sistema eleitoral (que não parece ser mais do que uma armadilha) continue funcionando, quem decide quem poderá ser ou não candidato, quem escolhe financiar esse ou aquele candidato, não são os verdadeiros responsáveis pela eleição dessa gente e faz do povo o bode expiatório perfeito de sempre?
Se os deputados, senadores, empresários, ministros, juízes, promotores e todos os outros, não fazem nada para mudar a lei (armadilha eleitoral) que garante a eleição, a reeleição de pai para filho, a culpa é do povo que não faz as leis, que não tem como obrigar que as leis já feitas sejam cumpridas com bom senso?
Qual o mecanismo que possibilita a sociedade punir o procurador de justiça que engaveta denúncias contra seus aliados de classe?
Qual a ferramenta pública que possibilita ao cidadão de bem punir o juiz que abusa do poder, que ganha acima do teto do estado, que usufrui de auxílio moradia, mesmo tendo casa onde está lotado, que emprega seus familiares juntos aos políticos e órgãos de imprensa, que faz consultoria para grandes empresas interessadas em fazer negócios com o estado ou se livrar de multas?
Como o povo pode, por sua iniciativa, destituir um prefeito, um governador, um presidente, um vereador, um deputado ou senador inútil, corruptos e que lhe enganou durante as eleições?
Qual o mecanismo público (que funciona) obriga o Ministro da Saúde a cumprir o que o conselho de saúde delibera?
Qual o mecanismo público que possibilita ao cidadão comum denunciar e demitir um servidor público incompetente, que atende mal, que causa prejuízo ao interesse público e que quase nunca vai trabalhar?
Qual o mecanismo que dá poder ao povo para confiscar os bens das empresas envolvidas em corrupção, em proibi-las de fazer novos negócios com o estado?
Vamos ser sinceros, o povo não tem poder, a não ser na retórica (quando interessa) de alguém que deseja tapar o sol com a peneira. A suposta democracia representativa, o sistema eleitoral e as possibilidades de escolha nada mais são do que farsas bem montadas que possibilita que outros (endinheirados) continuem governando, como sempre foi, desde o império português.
Partidos decidem quem vão filiar e poderá ser candidato à um cargo público, quase sempre os partidos, representado por meia dúzia de gente, opta pelo que há de pior entre as possibilidades, como fala José Padilha.
Para completar, quem decide quem, entre as escolhas dos partidos, vai ganhar as eleições, são os financiadores de campanha, geralmente grandes empresas, como essas envolvidas na Lava Jato. Elas fazem isso porque querem o controle do estado (e controlam), querem fazer negócios milionários, e não se importam em pagar propina, roubar, mutilar a nação.
Se o ministro vê nisso democracia e transparência e que o povo, sem pegar em armas, tem condições de mudar a situação, é bobo ou quer culpar a vítima pelo estupro.

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

06 novembro 2015

O QUE TENHO DE BOM (PARA DIZER) SOBRE O SISTEMA DE PARTIDOS POLÍTICOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Tatuagem de parede - Fotografada próximo ao DCE na UFPB - outubro de 2015
Ernande Valentin do Prado

O novo filme Exterminador do Futuro, Genesis, se não chega ser bom, é bastante aceitável. Isso de voltar no tempo dá infinitas possibilidades de recontar a mesma história o tempo todo e ainda assim ter algo de novo e coerente. A gente já tinha visto uma história ser a mesma e ao mesmo tempo diferente em Jornada nas Estrela (na minha opinião a melhor recriação até agora). Mas se não dá para dizer que O Exterminador do Futuro - Genesis, é bom, ao menos dá para dizer que não é ruim.
Uma revelação que tive vendo o filme: nós, seres humanos, temos uma capacidade imensa de ver nossos próprios defeitos, nossas grandiosidades e, humanizar o que por natureza não é humano. As fábulas, em que animais falam e apresentam sentimos e comportamentos coom se gente fossem, são um exemplo, um gênero inteiro sobre essa transmutação de nós em outros seres e dos outros seres em nós.
Pinóquio talvez seja, em minhas lembranças ao menos é, a primeira criatura inanimada a tomar forma e jeito humano, o que veio depois, com os robôs, é uma variação. Algumas muito bem feitas, por sinal. Quem não se lembra do filme mais triste já feito na história do cinema: Inteligência Artificial, em que um robô programado para amar a mãe vai até as últimas consequências para cumprir sua programação, mesmo sendo desprezado?
Alguns seres humanos parecem ser programados e fazem isso também, mas isso é outra conversa. Tem duas coisas interessantes que constatei vendo o Exterminador do Futuro, gênesis:
1.   Maquinas adquirem comportamentos e sentimos humanos e podem ser, algumas vezes, mais humanas do que os humanos. Isso não deixa de ser verdade.
No dia seguinte li na internet que na Grécia começou a rodar ônibus sem motoristas. Vi nisto um exemplo do que as máquinas podem fazer melhor do que os seres humanos. Quem já rodou nas linhas 303, 5605, 2515, 5210 em João Pessoa (ou em qualquer linha em Aracaju, em Sergipe) sabe que os motoristas não podem ser seres humanos. Ou melhor (quer dizer, ou pior), são seres humanos que perderam a capacidade de ser humanos, de sentir como sentem outros seres humanos. Penso que, dessa forma, justificam os péssimos salários que ganham, a falta de investimentos dos empresários no profissional, na capacitação, na melhoria das condições de trabalhos, que realmente são péssimas. Empresários do transporte coletivo (com raras exceções – não conheço nenhuma - assim como de outros setores (ao menos como regra) só se interessam pelos lucros. Empregado é como carne no moedor, como laranja que depois de chupada, joga-se o bagaço no lixo ou pelo chão mesmo (eles moram em Miami).
Máquinas podem ser programadas para agir como seres humanos e isso é irreversível, ao menos no cinema. Isso se vê em o exterminador do futuro, onde uma máquina é programada para proteger o ser humano e dá a vida por isso, também se vê em Blade Runner, em que androides assassinos desenvolvem sentimos e empatia humana e passam a valorizar a vida, até do inimigo; vê-se em Galáctica, em que Cylonios trocam de lado na luta e não voltam atrás nem ao perceber o quanto um ser humano pode ser sórdido. Mas será que seres humanos maquinizados podem voltar a ser seres humanos?
Isso quase nunca dá certo (ao menos no cinema).
2.   Seres humanos são capazes de agir como máquinas, embora podendo escolher fazer isso ou não, quase sempre (mesmo tendo que arcar com as consequências). Nesse filme temos dos dois lados: a máquina fazendo o trabalho que deveria ser feito pelo ser humano e faz isso bem melhor, com dignidade humana e o humano fazendo o trabalho da máquina, e fazendo isso como uma máquina exemplar, sem amor, sem dignidade, sem refletir por um minuto sequer, sem ter dúvidas ou melhor, sem se permitir ter dúvidas.
Acho tudo isso perturbador, por ser, ao menos para mim, meio que um retrato das atuais possibilidades humanas.
Quem nunca viu, por exemplo, o empregado defender o direito do patrão de ter lucro e explorar, até melhor e com mais fúria do que o patrão? Quem nunca viu a vítima ser tomada culpada por ser estuprada, por ser roubada, por estar doente, por ser pobre, por existir?
Então, humano fazendo o papel de máquina e máquina o papel de humano, deve ser possível também.
Bom! Sobre o que tenho de bom (para dizer) sobre o sistema de partidos políticos na república federativa do brasil: não consigo lembrar de nada, antigamente (bem antigamente) sabia alguma coisa, mas agora, sinceramente não lembro de nada. Mas ao menos falamos sobre exterminadores humanos e humanos exterminadores.

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

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