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04 março 2016

CONSPIRAÇÃO?

Os filhos do lixo. Fonte: mediquima
Ernande Valentin do Prado

A primeira lembrança de Curitiba,
que não consigo esquecer,
mesmo tendo-se passado muitos anos,

é de um homem,
na frente do shopping Itália,
tirando alguma coisa de dentro da lixeira e comendo.

O mais chocante não era ele comer,
uma coisa tirada da lixeira,
era nem olhar o que estava comendo.

Tirava,
com os dedos e levava à boca.
A fome deveria ser demais.

Hoje lembrei-me disso na hora do café.
Por que?
Não sei.

Hoje,
mesmo nas região mais pobre do Brasil,
não é tão frequente ver esse tipo de miséria.

Não é que não exista,
existe muita,
mas mudou a qualidade da miséria.

Pessoas ainda vivem com
fome, dor, desespero, sem sonhos,
e não são poucas.

Mas não é mais tanta gente,
nem em toda parte,
sem poder ser contadas.

Mesmo com todo desvio ético,
inegáveis, vergonhosos, difamantes,
verdadeiros casos de polícia:

mensalão,
lava-jato,
psdbdização...

Não foi só,
houveram acertos, lembra?
O homem na frente do shopping Itália?

Se esse fosse o único acerto,
Já seria mais
(acertos)

do que os (acertos)
de todos os outros governos que vieram antes,
juntos.

 [Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

04 dezembro 2015

CORRENTINHA DE CROCHÊ

Charge: ladrões de utopia[1]
Ernande Valentin do Prado

Em 1996, num sábado, por volta das 20 horas, as vésperas das eleições, entrei no comitê de campanha do Partido do Trabalhadores (PT) no Bairro Eucaliptos, na cidade de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba. Rosa e Salete faziam correntinhas de crochê embaixo da melhor lâmpada da sala, para amarrar as credenciais que seriam usadas no dia seguinte pelos fiscais e delegados do partido na eleição.
Alguém tomou para si a tarefa de confeccionar e imprimir, em casa, cada uma das credenciais que os militantes destacados para fiscalização das sessões eleitorais usariam. Ficou muito bonito, elegante, bem feito, expressava toda a dedicação da militância àquela campanha. Neila, Fernando e Ednei, colaram cada uma das figuras no papel cartão, que alguém trouxe de uma gráfica aonde trabalhava, já cortado no tamanho certo e com os furos por onde passaria o barbante.
Mas para Rosa e Salete, barbante era inaceitável:
— Fica feio, disseram elas.
— Vão dar conta de fazer correntinhas para todas as credenciais? Perguntei incrédulo e achando aquilo uma perda de tempo.
— Claro, já fizemos tudo isso, respondeu Rosa e Salete mostrou uma caixa com as credenciais e as correntinhas que já estavam prontas.
— Mas não têm nada mais importante para fazer, ainda indaguei, sem me dar por vencido.
— Não! Disseram de forma categórica.
Salete, Rosa, Neila, Fernando, Ednei, Dona Maria, Toninho, Samuel, seu Moura, Chico Bento, Abel, Santino, Bonette, Domingos, Zé Aparecido, Zé Francisco e seus irmãos, Vilmar, Emerson, Lirani, Dowglas, José Marcelo, Sirlei e mais duas dezenas de pessoas, que nem consigo lembrar os nomes, passaram o dia a disposição do partido: atenderam quem procurava o comitê atrás de informações, lembravam o local e o horário das votações, aonde cada militante deveria se posicionar no dia seguinte para o último esforço. Cálculos dos institutos de pesquisa diziam que 30% dos votos eram conseguidos na boca de urna, e ninguém fazia isso tão bem quanto a militância do PT. 
Rosa e Salte distribuíam o material aos militantes, orientavam como cada um deveria agir, quem procurar em caso de problemas, de precisar de mais material, a hora que chegaria o lanche, o companheiro de dupla e revezamento.
— A gente passou o dia aqui, fizemos tudo isso e tudo que falta vai ficar pronto até amanhã, não esquenta a cabeça.
— Mas já é tarde, tem muita coisa para fazer, ainda insisti! Os dedos de vocês devem estar doendo, devem estar cansadas e amanhã ainda vamos trabalhar o dia inteiro.
— Quer parar de encher o saco! Disse Salete com seu costumeiro sorriso gigante no rosto. E concluiu: pegue aqui uma correntinha e passe por esse buraquinho...
No dia seguinte iriamos pôr a prova toda nossa campanha. Já tinha agendada uma festa de comemoração para as 20 horas no comitê do Partido, construído de forma coletiva no terreno do Domingos. Depois da meia-noite, um grupo ainda sairia para posicionar material de campanha em pontos estratégicos e retirar material dos adversários da direita. Foram meses de preparação, de trabalho diário, de vivências intensas, muito aprendizado, confraternizações, solidariedades, trabalho coletivo. Era a primeira eleição municipal do recém formado diretório municipal. Não tínhamos nenhum cabo eleitoral, nenhuma pessoa contratada para trabalhar exclusivamente nas eleições. Cada um dos candidatos a vereador, o candidato a prefeito, a vice, os coordenadores de campanha, foram escolhidos de forma democrática em cada um dos quatro núcleos espalhados pela cidade. Todos os militantes filiados ao partido puderam e votaram, de forma que o resultado lógico era se responsabilizar pela campanha, pelo mandato de cada um dos eleitos (caso houvesse). O comitê de campanha foi emprestado por um militante (Zé Aparecido), metalúrgico que tinha a sala para aluguel, mas deixou para gente usar, também cuidou de toda pintura do ambiente, pagava a água e a energia. O comitê fazia tanto sucesso, ficava cheio o dia todo com voluntários e até com adversários que passavam para bater papo e espionar. Depois das aulas juntavam estudantes em frente ao comité e ficavam entregando panfletos para os passantes e para os carros que desaceleravam no quebra-molas. 
Tínhamos uma Kombi muito velha à nossa disposição, também emprestada por um dentista, Luiz, candidato a vice prefeito e casado com a Rosa. O combustível a gente conseguia fazendo “vaquinha” entre todos ou quem dirigia se encarregava de encher o tanque. Com ela andávamos toda a cidade fazendo campanha, carregando pessoas e material: panfletos, cartilhas, cartazes, baldes com cola, que Domingos nos ensinou a fazer, e tinta, broxas e pincéis. Não era difícil ela enguiçar e pessoas da comunidade empurrar para pegar no tranco. Quem dirigia a Kombi, quase sempre, era o Toninho (meu irmão), o Elvis, o Bonette, o Leslie, nosso candidato a prefeito. Todos os fins de semana, sábados e domingos, feriados, dias santos, que antecederam os sessenta dias finais das eleições. A militância se reunia bem cedo: crianças, mulheres, idosos, homens, gente das igrejas, das associações de moradores, dos sindicatos, das escolas: professores, estudantes, zeladores. Cada fim de semana visitávamos casa por casa de determinado bairro: distribuíamos material de campanha, colávamos adesivos nas janelas, nos portões, nos carros e, principalmente, conversávamos com as pessoas. Chamávamos de arrastão. Íamos em peso, com a Kombi de apoio, quem tinha carro ia com ele, quem tinha bicicleta, moto, ia com elas, que não tinha nada ia a pé ou na Kombi (uma vez apareceu uma charrete).
No fim do dia, por volta das 18 horas, nos reuníamos no comitê de campanha e avaliamos o que tínhamos conseguido. Em todas as reuniões alguém aparecia com um bolo, uma torta, um prato de salgado. Fazíamos um leilão estranho: calculava-se o valor do bolo, determinava-se que tínhamos que arrecadar o valor. Cada um dava o que podia ou queria. Com o dinheiro comprávamos refrigerantes no bar da frente. Quase sempre o dono do bar dava os refrigerantes ou um desconto muito significativo. Era a forma dele participar. E quase sempre sobrava dinheiro para as despesas da campanha (quase nada, mas somava-se a outros quase nada).
Era o momento da celebração do dia. Microempresário, pedreiro, profissional liberal, músico, professor, dentista, metalúrgico, motorista de ônibus, sapateiro, padeiro, advogado, todos ombro-a-ombro. Os adolescentes contavam histórias das visitas, as discussões com pessoas que não acreditavam que o partido era uma opção, que nossos candidatos eram honestos, que não recebíamos doações de empresários, que iriamos mudar a cidade, o estado, o Brasil, o mundo. As mulheres vinham com seus filhos, com o marido ou não. O bebê da Rosa passava de braço em braço enquanto ela, sempre ocupada, dava jeito em alguma coisa. Os militantes da igreja falavam de sua fé, do que representava aquele dia, aquele estar junto. Os do sindicato falavam do momento histórico, da união da classe trabalhadora. Quem estivesse afim falava: as lideranças, os candidatos, os militantes, curiosos que se juntavam por causa do barulho, da agitação, por ver rostos conhecido, por querer comer o bolo. Era, mais do que qualquer coisa, uma festa, um momento de confraternização, de combinar aonde seria o próximo arrastão, o que seria feito durante a semana. 
Quase sempre apareciam para trabalhar na campanha durante a semana: estudantes, pessoas de folgas ou desempregadas. E, mesmo quem trabalhava o dia todo, oferecia-se para distribuir panfletos na fila de ônibus, antes de embarcar, na porta da firma, fazer visitas em casas de conhecidos, depois do trabalho.
Nosso candidato a prefeito tinha uma Brasília amarela muito velha, com ela andava para todo lado fazendo campanha. Parava o carro nos lugares mais movimentados e deixava tudo aberto.
— Não vai fechar, perguntava eu? Ele respondia: quem vai querer roubar o carro de um PTista?
Em um certo sábado, estava agendo a pintura de um muro, cedido em um lugar muito bom do bairro, por onde passava a principal linha de ônibus, visibilidade gigante. O morador disse que todos os candidatos haviam ido lá pedir o muro, queriam até pagar pelo espaço, mas ele não cedeu. Para lá foi Vilmar, nosso pintor de muro, de faixas, enfim, tudo que era arte, letras e cores, era com ele. Quase sempre fazia isso nas horas de folgas e, embora fosse seu ganha pão, nada cobrava pelo serviço e, muitas e muitas vezes, ainda dava a tinta, os pinceis, as réguas.
Quando cheguei já vi de longe uma aglomeração de gente. Quase sempre, nos fins de semana, essas atividades viravam festa. Lá estava nosso candidato a prefeito ajudando a pintar o muro, segurando a régua para Vilmar riscar. Até tinta no rosto já tinha.
— Você tem mesmo que estar aqui, disse eu, sem esconder certa irritação e impaciência. A tarefa dele, naquele dia e horário, não era pintar muro.
— Vim ajudar, respondeu na maior calma.
Leslie era quase sempre muito calmo e relevava meu senso de planejamento quase sempre na fronteira entre a objetividade e o autoritarismo. Ele foi meu professor de Literatura no segundo grau, no Colégio Décio Dossi. Estávamos na primeira reunião de fundação do PT em Fazenda Rio Grande, sem que um soubesse das atividades “subversivas do outro”. E foi o primeiro candidato a prefeito de nossa história na cidade. Depois, em outra eleição, foi o vereador mais votado, mas isso é outra história.
— Você não deveria estar na reunião com a associação comercial?
— Já fui, terminou logo, não tinha quase ninguém. Por isso vim ajudar aqui.
— Tá bom, disse eu. Mas não precisa pintar mais, deixa o Vilmar trabalhar, tem gente demais para ajudá-lo.  Vamos aproveitar para distribuir uns santinhos, fazer visitas as lideranças da paróquia que moram aqui perto.
Leslie, sem discutir, disse:
— Então vamos.
O que queria dizer, quando comecei essa conversa, é o seguinte: as correntinhas de crochê, apesar de hoje não significar absolutamente nada para o que o PT se tornou, era só uma delicadeza coerente, bonita, significativa e representativa de um modo de fazer/ser, como todas as outas que vivemos nessa eleição de 1996 em particular, mas também durante mais de 10 anos de intensos sonhos e utopias, com ou sem eleições para disputar.

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]


1. Para saber mais sobre Lor, o cartunista que fez essa charge, clique aqui 

07 novembro 2014

UM DIA ME DISSERAM QUE AS NÚVENS NÃO ERAM DE ALGODÃO

Ernande Valentin do Prado 


Fui filiado ao PT - Partido dos Trabalhadores por mais ou menos 12 anos. Uma coisa que aprendi com o PT daquele tempo é que uma decisão tomada pela maioria em assemblei não deve e não pode ser modificada pela conveniência da executiva ou da minoria dirigente. Alias, foi quando essa pratica deixou de existir que me desliguei do partido em 2001.
Naquele tempo o Diretório do PT na minha cidade, Fazenda Rio Grande - Região Metropolitana de Curitiba tinha muitos filiados. Pessoas do POVO mesmo: operários, professores, pequenos comerciantes, estudantes, sindicalistas, pessoas de associações de moradores, donas de casa, pedreiros, mecânicos, auxiliares de enfermagem, dentista, lideres de movimentos de toda ordem - sem terra, sem casa, sem emprego. E todos eram ouvidos e uma decisão tomada por essa gente era sagrada, mesmo que não representasse a vontade da direção do Partido. E isso frequentemente acontecia. E acontecia porque o poder da direção era delegado e não usurpado, condição que Demo (2006) cita como fundamental para dar legitimidade a todo processo democrático.
Quando me filiei ao PT era metalúrgico e cursava o segundo grau no Colégio Décio Dosse[2]. Trabalhava em uma fábrica de autopeças em Curitiba. Levantava por volta das cinco da manhã todos os dias e ia dormir por voltas das 23h30min. Fabricava peças para carros que nunca conseguiria comprar com meu salário. Nada diferente do que vivia a maioria das pessoas da minha cidade, que nem chegava a ser um município de verdade. Íamos para lá apenas para dormir. Passavamos o dia todo trabalhando e gerando renda em Curitiba. Mas na hora de usufruir o que a metrópole tinha de melhor não podíamos, pois éramos de outra cidade. Além disso, o Município tinha Dono. Seu nome Geraldo Cartário. Deputado muito influente e poderoso. Na verdade quase um PODEROSO CHEFÃO. Em uma campanha eleitoral, por exemplo, ele derrubou o muro da casa de um eleitor porque este pintou o nome de outro candidato concorrente.
O PT nesta cidade nasceu combatendo tudo isso e seguiu sua missão diária com chuva ou sol, com eleições a vista ou não. Era um trabalho cotidiano praticado por pessoas simples que encaravam a política como missão de cidadania, como forma de autoafirmação e nunca como profissão. Nossos candidatos, em épocas de eleições, eram escolhidos pela maioria e a essa maioria comprometia-se em fazer a campanha, inclusive pagar por ela.
Era muito bonito ver as pessoas dedicando-se a campanha dos companheiros. E isso acontecia geralmente após trabalhar o dia inteiro, ou antes, de ir para o trabalho – o que quer dizer de madrugada nas filas de ônibus. Isso incluía também dedicar os fins de semana para fazer arrastão: bater de porta em porta para pedir votos – aprendemos com as TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, pintar muro e distribuir panfletos. Tudo isso, como já disse, sem receber um centavo em troca ou promessas de emprego ou qualquer cargo que fosse. Cargo de assessoria também era uma decisão da maioria.
Em compensação depois das eleições os eleitos sabiam que o mandato não lhes pertencia totalmente, que tinha a quem dar satisfação, que tinha uma maioria para ouvir antes de cada projeto, antes de cada decisão. E isso, por mais difícil que fosse, acontecia. Na segunda eleição que participamos elegemos dois vereadores e todas as terças-feiras às 19 horas os vereadores se reuniam para planejar a semana, os projetos e as manifestações na câmara de vereadores. Era uma reunião aberta a todo filiado do Partido (e realmente acontecia).
Desta forma nosso Diretório ganhou fama na região, pois mesmo dentro do PT essa era uma postura em desuso. Nossas posições sempre foram radicais demais até para as tendências mais radicais do partido. Éramos o único diretório da região a não aceitar coligações fora do arco das esquerdas e a se definir como socialista. Talvez pelas posições claras fomos também o mais novo e único diretório da Região Metropolitana, com exceção de Curitiba, a eleger representantes para câmara de Vereadores. Foi uma história de sucesso “meteórico”.
Não apenas elegemos nossos vereadores, fizemos os dois vereadores mais votados da cidade e gastando menos de dez por cento do que gastaram outros partido e isso por canta do trabalho voluntários dos militantes, imagino.
Mas por que os militantes trabalhavam no sol, na chuva e pagava para isso?
Faziam isso porque acreditavam e acreditavam porque tinham controle das decisões. Não apenas trabalhavam, mas pensavam o trabalho. Todos e todas eram ouvidos e tinham suas decisões respeitadas. Acredito que esse foi (e é) o segredo.
No PT era comum haver muitas votações. Isso quando não se conseguia chegar a um consenso depois das discussões. Porém no Diretório Municipal do PT de Fazenda Rio Grande não conseguir consenso não era uma opção. Passamos mais ou menos cinco anos sem fazer votação para tomar decisões. O consenso era sempre possível. Não economizávamos reuniões, horas e horas de discussões. Com nosso método não havia vencidos e vencedores e todos assumiam o que fora decidido, pois era de fato decisão de todos.
Como disse, e essa é a razão deste texto, uma decisão tomada em assembleia não podia ser modificada, a menos que fosse por unanimidade e de preferencia em outra assembleia. Mesmo contraria as posições pessoais. E penso que é justamente esse o segredo e a força da democracia: respeito à opinião do outro e ao jogo político legitimo e honesto (mas jogo político honesto ainda existe?).
No PT entrei como operário e logo me transformei em um dos dirigentes. Mas nunca deixei que isso me subisse à cabeça. Ocupei todos os cargos disponíveis no Diretório, inclusive alguns em esfera regional. Mas nunca deixei de ouvir e respeitar a decisão do mais simples e calado militante que ocupavam o fundo da sala. SEI DE ONDE VIM E TENHO ORGULHO DISSO.
Essa postura, que ouso chamar de democrática, acompanhou-me em tudo que fiz até hoje. E espero não perder jamais. E apesar de saber que o PT não é mais assim, que muitos dos antigos companheiros não são mais assim, agradeço aos anos que passei no Partido, pois aprendi muito e trago comigo a radicalidade daqueles dias.
A tradição brasileira é presidencialista e o PRESIDENTE tem o poder de tomar decisões baseadas em sua própria vontade, independente do que já havia sido debatido. Nunca fiz isso quando estive em posição equivalente e espero nunca fazer. Se depender só da minha vontade isso nunca farei.
É por conta da minha pouca ou nenhuma disposição em tomar decisões a revelia da maioria que prefiro não ocupar funções onde haja pressão para que isso aconteça.
Decisões em consenso exigem negociações, afinidades, sobretudo de objetivos, empatia, vínculos e disposição para tal. Coisas cada vez mais difíceis de construir nas relações efêmeras da atualidade. O “toma lá da cá” é uma regra de boa convivência entre os pares no dia-a-dia. Não suporto isso, não faço isso, tenho vergonha disso. Não sei nem cortar fila (e não quero aprender).
E como sou radical, graças a Deus, não consigo fazer isso nem para mudar o dia e a hora de uma reunião marcada pela maioria em “assembleia”.

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]




[1] Este texto foi originalmente publicado no Blog Cuidado, Saúde e Cidadania com o título de A democracia nossa de cada dia. O título atual é uma referência à música: somos quem podemos ser – Engenheiros do Havaí.
[2] Volto a esse tema em outra oportunidade.

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