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22 novembro 2017

Conhecer o mar

Dos muros de Caratinga-MG.

Pro sofrimento que é a roça não é fácil
Meu piá reclama: mãe nunca vou ir na praia ver o mar?
Ele é filho de agricultor.
Já segurei um (dos filhos) na roça e me arrependo
É muito serviço em casa.

O piá mais novo é estudioso, espero que ele conheça o mar.

Cunha Porã 18/10/2017

Abraços que pousam,
Mayara Floss

15 novembro 2017

Lost in translation

Ruralices da madeira da casa.

(Título em português: perdida na tradução)

Eu tomo um chá para soltar o intestino.
Qual o nome?
Só sei em alemão.
Vixi, mas me conta igual.

É Peragralg, de uma florzinha miúda que dá perto dos potreiros.

Abraços que pousam,
Mayara Floss

01 novembro 2017

Desvio de septo

Ruralices e respiração

O senhor de 68 anos reclama de dificuldade para respirar. Vou examinar e percebo um desvio de septo com oclusão total de uma narina. Pergunto se ele sabia disso, ele me diz:

- Mas doutora, a senhora foi a primeira que olhou meu nariz!

Abraços que pousam,
Mayara Floss

25 outubro 2017

Cuidado

Foto: Ruralices no Ratones

Eu não dou conta de cuidar dele, da casa e de tudo.
(Diz ela com o marido que sofreu  uma isquemia cerebral)
A família meio que abandonou, sou a segunda esposa. 
Estou procurando alguém para comprar as vacas.
Não é fácil viver na roça.

Abraços que pousam
Mayara Floss

18 outubro 2017

Curva

Ruralices de Caruaru


O que aconteceu???
Doutora, cai na curva!

E mostra os dedos e joelhos ralados. 

Abraços que Pousam,
Mayara

26 julho 2017

Mundo



Aqui é assim, atravessa os pés, sobe ladeira e desce ladeira” – Agente Comunitária de Saúde

Minha mãe era técnica de enfermagem aqui na zona rural antes de ter médico, antes de ter enfermeiro. Ela fazia parto, fazia tudo.

Chegava caminhão de suplemento alimentar com feijão ela distribuía na comunidade, colocava comida para todas as gestantes.

Aí foi chegando enfermeira, médico, agente e fomos dividindo o trabalho. Mas ela cuidou de todo mundo.

Caruaru, fev/17

Abraços que pousam,
Mayara Floss

05 abril 2017

Seca

Caruaru-PE

Quebraram o vidro da Unidade de Saúde.
Não roubaram o computador, a cadeira, a mesa.
Vieram para roubar a caixa d’água.

Caruaru 02/17

Mayara Floss

29 março 2017

Zum-zum-zum

Linhas. Caruaru-PE

Conforme os passos da rua, você escuta o andar ritmado do pedal da máquina de costura, zum-zum-zum. Cada garagem é um fabrico, pelo menos uma pessoa que passa pelo menos dez horas por dia sentada costurando, pregando botão, fazendo bolso, cortando, acabamento, zum-zum-zum, linha-a-linha.

Os pais costuram, as avós cuidam das crianças, tudo para no meio da seca por comida e dinheiro em casa. Cada peça de roupa é alguns centavos, trinta centavos o calção masculino com acabamento, desses que é vendido até por cem reais. Por semana duas pessoas fazem cerca de 300 calções. Do lucro ainda tem que pagar a máquina de costura.

O sonho da maioria é juntar dinheiro e empreender com várias máquinas e contratar várias pessoas trabalhando por trinta centavos a peça. Como eles. Quando o sol cai o zum-zum-zum continua, é, também, o ritmo da noite


Caruaru fev/17
Mayara Floss

22 março 2017

Pontos turísticos

Caruaru-PE

- Mataram um aqui, outro ali – ele aponta com o dedo indicador, e segue naturalmente – mataram outro aqui. – ele mostra com a mão uma porta de garagem, seguimos andando – mataram um mesmo aqui - aponta o ponto do cachorro quente – aqui o pai viu o filho morrer, na verdade ele achou que eram uns amigos e chamou o filho pra morte – aponta a porta de uma casa – agora o pai decidiu se mudar – caminhamos mais um pouco – mataram também aqui, mas já faz um tempo. Pergunto: – quanto tempo? – ele diz - Ah, alguns meses só.


Caruaru 02/17
Abraços que pousam,
Mayara Floss

15 março 2017

Bicho geográfico

Caruaru-PE

Como vou descobrir o mundo,
se quando tomar este remédio
vou matar meu bicho geográfico?

Abraços que pousam,
Mayara Floss

28 dezembro 2016

Tripulantes da Nave



(dias de Arnildo)
Texturas. Sabores. Belchior como plano de fundo e explicações. Dia de terapia familiar, grupo Balint, meditação e conselho local de saúde. Encontros, pequenas conversas do cuidado no caminho até o carro: “é muita coisa para um dia só, uma residência só”. História de Bukowski na estrada irregular, 50 anos com a mãe, complicações, histórias em pequenos recortes. “Está vendo aquela senhora de cabelos brancos, ela tem 100 anos”. Conversa com o Agente Comunitário de Saúde, e fala sério olhando nos olhos: “Negligência também é violência”. Troca de história, com facilidade,  “A gente não força nada com ninguém, quando a pessoa está disponível estamos disponível também”.  Já conversa de outra história, engasgos, “Não estamos deixando passar”. Renova receitas. Busca prontuário. No caminho das visitas ele explica, esta rua, esta praça, este pedaço aqui, essa história, esse paciente, análises. Conversa de porta malas, carros e custo benefício, universo de porta-luvas.   Ana Carolina no rádio canta “Faço das lembranças um lugar seguro” e conversamos sobre a paciente que é quase parte do mobiliário da casa, ele diz “tudo muito antigo, relógio antigo”.  Essa senhora está sempre de blush, ele ri e explica. Morava na Zona Norte quando tudo ainda era campo, antes das ruas, do movimento.  Chegamos. A cerca tem um parreiral com uvas ainda bem verdes, e a conversa começa sobre o medo da ventania, das telhas, história de quem já quebrou telhas, teve que empurrar os móveis e cuidar para não resvalar nas lajoletas. Finalmente arrumou um canto em que não precisa se molhar, ela diz: “é mais caro aqui, mas pelo menos dá para morar”. Segue explicando e perguntando como as pessoas não veem que “atrapalha a água”, o lixo na rua, eu separo todo o lixo para não fazer mal a ninguém, tenho consciência. “Tenho me ajustado bem ao remédio, é bem docinho é bom de tomar, mas o da noite é amargo tem que por ‘lãã’ em baixo na garganta e engolir”. “Eu me cuido muito: doce, gordura e sal e dou conselho, conselho de velho para velho, sabe?”. E explica que falou para um amigo “não vai levar o dinheiro para o caixão mesmo”. “Tem que aproveitar enquanto a gente está aqui”. “Eu como só um pedacinho do que eu gosto quando estou com vontade, de todo o jeito eu não vou levar nada daqui” (e gesticula). Ela é resoluta, não toma nem guaraná, nem um tiquinho, “tomo é água”, e estufa o peito. Na parede, um calendário Del Prado, um quadrinho de pessoas queridas, toalha de mesa colorida, cortinas brancas de fita azul claro. Um radinho antigo do lado de um abajur. Arnildo só escuta, ri e faz um e outro comentário  O agente explica quando Arnildo vai medir a pressão “fica só um estante sem falar por favor”  ela sorri com uma toca de flores na cabeça. Ela afirma em tom de pergunta: “Tá boa a pressão?” Arnildo diz que sim ela diz “já estou agitando desde cedo, acordo às 6:30 da manhã, fico agitando os nervos e a juntas. Desde os quinze anos eu não tenho parado” e pergunta se pode ouvir o coração, escuta e ela olha quieta. Quando termina pergunta “como está o coração?”, Arnildo diz: “tá bom, está batendo”, os dois riem. Perguntam o número do prontuário, ela diz: “Meus papéis eu cuido muito, não quero ter aquela aceleradinha básica no coração”. Tem terços em todos os cantos da casa, é convidada para reuinão de planejamento do posto no sábado seguinte. “Eu vou, nem que seja um pouquinho”. Nos despedimos, abraços e amorosidade. Nem saímos do quintal já tem outra conversa da janela mesmo, dessas coisas bonitas de se ver, quase uma moldura de tijolo. Cadastramento de família, nova, conversa de ombros, fisioterapia, e cuidado. O senhor diz: “existe um diferencial, e esse diferencial são os profissionais, nós usamos o posto faz um tempo longo e trocam os médicos residentes, né? E a qualidade não cai, permanece igual ou até melhora”. Também leva nós visitarmos a mãe para ver como ela está, ver do dentista e para “abrigar nós do vento frio”.  Ela entra devagar, com chinelas e meia azul escura, calça de pijamas laranja. Ela diz “eu sou feliz com meus anos de vida”. Fala de dor nas costas mas emenda “sei que é a idade, espero, rezo para Deus e daqui a pouco passa, eu sou muito rezadeira”. Explica que não sai de dentro de casa porque na rua tem muitas pedrinhas, “então fico sempre aqui na janela, olhando a rua, a criançada”. Conta dos quadros de lã que fazia à noite a luz de uma lâmpada com a irmã para conversar. Convidam para a reunião de planejamento o senhor diz “eu vou , nem que seja para te prestigiar vocês, o trabalho de vocês”. Na próxima casa, um pinheirinho branco de natal decorando o canto, uma boneca sentada em uma cadeirinha de plástico, dificuldade para caminhar e bom humor. Conta de quando operou o joelho e quebrou a fíbula em um descuidado, saiu de uma cirurgia e entrou em outra e perguntou para o médico “vai colocar cimento no osso para colar”? Conta do filho que viu até o Jô de tão tarde que está indo dormir e da nova mania de cantar. “Quem canta os males espanta”. Ele pergunta “o que a senhora está entendendo disso tudo” ela diz: “Eu tenho que ficar firme né, as vezes eu dou uns palpites”. “É tudo umas coisas esquisitas né? Você viu ele todo empipocado”. Arnildo concorda e escuta. Ela conversa com a agente que é quase tão íntima da casa quanto ela, pede para pegar a caixa cor-de-rosa dos remédios que a neta pintou para ela.  Ela pergunta se o Arnildo trouxe o aparelho de pressão, e já vai contando que deu bronca nele em uma outra consulta  e disse “o que você está pensando, tem que levar o aparelho de pressão”. O tic-tac do alarme e o batimento do ponteiro da pressão. Dúvidas. Ele diz: “ a nossa história forma o que a gente é hoje, se não for assim, não é a gente”. “Cada dia vai surgindo uma dificuldade e já vamos contornando”. No final ela diz: “eu quero uma boneca de natal” e pergunta se vamos voltar antes do final do ano. Voltamos para a nave e a senhora de 100 anos continua sentada na sala de espera, ele diz resoluto: “precisamos melhorar o acesso”. Almoço, pesquisa, metodologias, planos. Aula sobre cefaleias, “eu lembro da aula do Santos”, aula que se alonga. Temos uma discussão sobre discutir sobre pacientes. E a Agenda está cheia, um pouco atrasados da aula que atrasou. Primeira paciente disse que sente uma febre interna na perna, primeira consulta, área errada. O relógio bate acelerado. Depois conversa sobre dar a volta por cima e recuperar a falta de vontade. Caso de filme e marcação de horários extras no horário de pesquisa. O paciente diz: “acordo com medo de enfrentar o dia (...) A gente pensa: o que é a vida”. Depois estava  tudo indo bem até que “uma pessoa tão nova, cheia de sonhos. Perdi minha mãe, meu pai, minha sobrinha e agora ela”. Outro paciente quer emagrecer e a outra fala de buracos. Arnildo explica sobre a sala escura e com o som de um cachorro rosnando, fala que quando acende a luz a pessoa vê que o cachorro está amarrado e nunca alcançaria. Falam sobre o medo. Medo de respirar. A paciente fala: “que pena que você vai tirar férias, mas você deve estar cansado também”. Tarefas, e sobre não dizer nada e fazer pensar. No final do dia, vejo Arnildo carregando o O2 da paciente devagar no corredor, com calma enquanto ecoam o barulho do tamanco da paciente.  

Abraços que pousam,
Mayara Floss

07 outubro 2016

DAS CINCO ÀS VINTE E DUAS HORAS


Ernande Valentin do Prado

1

5 horas, desperto sem sono. O corpo diz que já chega de dormir. Entro no quarto das meninas: Beatriz dorme de lado com o celular na mão e o fone nas orelhas. Alice está toda enrolada em si mesma, quase em posição fetal.
Frio na primavera de João Pessoa?
Puxo a colcha e lhe cubro.

2

5h02min, sento na linda cadeira antiga de Larissa. Herança de família. Na frente meu computador com mais de seis anos de uso, mas ainda perfeito para o que preciso. Decidido terminar o projeto do doutorado, do qual já havia desistido. Faltam poucas horas para a inscrição se encerar.

3

Pouco antes do meio dia, no ponto da Praça das Muriçocas, uma pancada de estudantes entra no ônibus. A minha volta, um em cada banco, sentam três meninos de cabelos raspados, tipo militar, dois do lado, um na frente. O de trás, inquieto, pergunta, dando um peteleco na aba do boné do outro:
- Vai deixar o cabelo crescer, depois?
- Vou.
- Tipo Black Power?
- é.
- Eu também queria fazer isso, mas não tenho coragem.
Depois volta-se para o lado e vê que o outro colega abriu um livro.
- O que tá lendo?
O outro vira a capa: Assassin's Creed.
- Eu prefiro ler coisas edificantes. Diz ele, ao ver a capa do livro.
- Eu também, mas esse é a história do jogo, aí resolvi ler.

 4

Meio dia, ando pela calçada, entre o ponto de ônibus e minha casa. No caminho entre a Avenida Epitácio e a Raul Carneiro, tenho dificuldade em andar nas calçadas, sempre ocupadas por Jeep, Toyota, Ford, Chevrolet, Hyundai e mais uma variedade de carros que nem reconheço, mas que também não vejo diferença entre um e outro, nem nas cores.
Na avenida o BMW branco quer disputar espaço comigo em cima da faixa de pedestre, coisa que está se tornando comum por aqui.
Na Rua Rita de Alencar Carvalho Luna, até chegar na Benjamim Maia, passo por entre edifícios de alto padrão (financeiro). Na calçada, por entre os condomínios e mansões, um imenso depósito de lixo (restos de coisas que ocupam o tempo e a vida): pedaços de móveis carcomidos por cupim e mofo, caixas de papelão e isopor de eletrodomésticos novos, telas de computador quebradas, baterias de celular, secador de cabelos, espelhos quebrados, resto de festas infantis (bexigas coloridas ainda cheias, que Alice adoraria estourar), entulhos de construção de uma clínica chique, que ainda nem começou a atender a clientela de alta renda, invadem a rua e os terrenos que esperam valorização no mercado. A montoeira monstruosa só não é maior porque catadores de materiais reciclados fazem plantão no local, disputando espaço, com suas carrocinhas, com os novos Jeep, BMW e Mercedes, que invadiram João Pessoas nos últimos anos. Limpam de graça a sujeira da burguesia. O que me lembra um velho slogan, mas ainda válido:
- Contra Burguês, vote 16.

5

Durante o almoço em família, sempre gostoso, Alice, por conta de um comentário de Larissa, diz:
- Os negros se discriminam, pai.
- Por que diz isso, Alice? Pergunta a mãe.
- Óh! Eu tenho um colega, na escola, que diz que queria ter a pele branquinha, como a minha, que acha a dela feia.
- Por que você não dá a “Menina bonita do laço de fita” para ela?
- Eu não posso dar esse livro para ela, mãe. Ele mudou a minha vida.
- Então empresta...

6

Às 16 horas, grito da sala, já com a chave da porta não mão:
- Amor, vou à padaria, quer algo especial?
- Quero um bilhete da mega sena premiado.

7

16h20min, descendo pela Rua Rita de Alencar Carvalho Luna (pela segunda vez no dia), observo as empregas domésticas, jovens, senhoras na terceira idade, passeando pela calçada, hora do pipi das cadelas das patroas, que cuidam como se fossem suas.
Inevitável pensar: por quase nada cuidam de cães que não são seus, como um dia já cuidaram dos filhos desta mesma burguesia. Inevitável não lembrar do filme: “Que horas ela volta”, o mais recente cinema, de verdade, que vi na tv.

8

O ônibus das 16h30min, não passou. As 16h45min, vem o 5605, está lotado, não tem como avançar pelo corredor. Fico entre a porta e o motor. Do outro lado o motorista. Mas ao menos está de bom humor, é muito calmo, não dirige como louco, não freia na reta, como faz a maioria, para ajeitar a carga, talvez.
No ponto seguinte, vendo a mulher solitária acenar, comenta bem humorado:
- Vou parar para ela ver que não tem como entrar.
Mas a mulher que acenou entra. Passa uma vasilha, que carrega consigo, para outra mulher pôr em cima da proteção do motor.
Quer interessante, não puder evitar o pensamento:
- Uma senhorinha com piercing no nariz. Preconceituosamente achava que isso era coisa só de adolescentes.
Quando avanço no aperto do coletivo, paro próxima a porta do meio. Uma mulher de cabelos pintados de amarelo diz, para o rapaz de camisa azul, talvez uniforme de um condomínio:
- E as eleições?
- Não voto.
- Você justifica?
- Não. Prefiro pagar multa.
- E quanto paga?
- Esse ano vai ser R$ 4,50.
- E paga onde?
- Nos correios.
- Não é melhor justificar? Pergunta a mulher do cabeço amarelo, talvez achando a multa cara ou tão ruim ir ao correio quanto na boca da urna.
- Não! Não vale a pena nem ir na urna. Ainda se tivesse ao menos um que valesse a pena, mas não tem.

9

18 horas, na recepção da Unidade de Saúde, olho para mulher com o bebê no colo.
- Não tenho régua para medir o tamanho da criança. Digo morrendo de vergonha.
- Você me pediu para vir aqui e eu perdi a viagem?
- A senhora está certa. Desculpe-me, eu achei que ia conseguir fazer um exame completo.

10

22 horas, deito, ligo a TV decidido ver o primeiro episódio do novo seriado: “Unidade Básica”. Melhor do que esperava, mas unidade de Saúde no Sistema Único de Saúde, na periferia, que consegue contratar, em três meses, três médicos diferentes, mas não tem enfermeira?
Absurdo, mas não dá para ser perfeito.

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

24 agosto 2016

Como pode a visão ficar sem nenhuma luz de uma hora para a outra?


 Minha mãe me disse numa conversa dessas:
- Minha visão ficou mais preta do que aquela blusa. -
Apontando para uma blusa da cor preta. Eu fiquei olhando, ela continuou:
- Como pode a visão ficar sem nenhuma luz de uma hora para a outra?
 
 Abraços que pousam,
Mayara Floss

20 julho 2016

Roupa suja



- Doutora, preciso da alta..
- Mas agora? Ainda estamos iniciando o seu tratamento...
- Mas eu preciso dar alta... Não posso ficar baixada...
(... silêncio...)
- Posso perguntar o que aconteceu?
- Meu marido doutora, meu marido disse que chega desse negócio de hospital, estou com medo que minha filha fique sem roupas para usar...
(um suspiro)
... preciso voltar ... para lavar a roupa.

Mayara Floss

29 junho 2016

Diários do estágio

Uma parte da colcha de retalhos construída na oficina da Liga de Educação em Saúde na 22ª Conferência Mundial de Promoção da Saúde (IUHPE) em Curitiba
 
Num dia desses.
- Mayara escolhi uma paciente para você... - eu fico aguardando instruções, o preceptor segue - uma paciente, sabe, complicada, dessas que você gosta de ficar conversando... -.
Penso que não é gostar de conversar, e ter paciência para ouvir e costurar histórias.

Voam abraços,
Mayara Floss

22 junho 2016

Olhinhos


O pai preocupado alguns minutos após o parto pergunta:
- porque ele ainda não abriu os olhinhos? - desato a explicar que não há pressa, que pode demorar um pouco... ele me interrompe e diz: - a irmã dele já nasceu com os olhos abertos.

Voam abraços,
Mayara Floss

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