Ernande Valentin do Prado
Vamos
ser justos, esse governo aí nunca prometeu acabar com a violência. Tá oquei?
Nem ao menos diminuir a violência ele prometeu. Muito pelo contrário, durante
toda campanha ele deixou claro que não sabia como lidar com essa questão.
Não
acredita, acha que estou inventando fake News?
Então
me explica o que é essa fixação em armar a população?
Para
mim e até para um Tenente coronel da Polícia Militar, que ouvi no Rádio dia
desses, a mensagem é óbvia: “não sabemos enfrentar o problema da violência e já
que a polícia não é eficiente, então cada um que se vire como puder”.
Para
quem sabe ler, um pingo é letra e o que esse governo fez até agora, não é
apenas pingo e nem tão pouco apenas uma letra, é um discurso completo.
Um
discurso que reafirma total incompetência do estado em lidar com a questão da
violência. Até aí nada demais, parece que nenhum governo, até agora, soube ou
teve disposição em encarar de fato os problemas gerados pela violência ou os
problemas que estão nas causas da violência.
O
feito extraordinário foi convencer 1/3 da população, mais ou menos o número de
eleitores desta facção, a acreditar que não tem jeito, que a solução é
cada um por si e que um candidato sem proposta era o menos pior.
Outro
feito extraordinário foi convencer o eleitor, sobretudo o evangélico, que não existe
contradição entre o discurso do candidato e as leis “divinas” da religião
cristã. Veja, desde que Moises subiu ao Monti Sinai, está valendo os dez
mandamentos e um deles é: “não matarás”. Tenho a impressão que esse
mandamento não pegou, mesmo na época em que foi editada, basta ver o número de
matanças que são descritas na bíblia.
Ao
que parece o mandamento é entendido assim: não matarás quem for do nosso time.
E aí é fácil. Tirando os psicopatas e os muito desequilibrados, quase ninguém
mata os seus.
Tanto
é assim que o número de apoiadores desta e outra propostas bizarras deste
governo, parecem ser maioria entre os evangélicos. Sempre vai ter quem diz que
a arma é para proteção, não para matar.
Será?
Armas
de fogo são para matar, bicicletas para pedalar, pão para comer, parece que é
assim que é, o resto, por mais elaborado que seja são somente desculpas
esfarrapadas.
Agora,
e por um tempo, a coisa vai ser assim: cada um com sua arma tentando se
proteger do outro, até que esse governo mude e entre outro que assuma a
responsabilidade pela segurança pública. Uma proposta de governo, para área da
segurança, passa por desarmar bandidos, impedir o tráfego de armas, distribuir
melhor a renda produzida por todas e todos, entre outras coisas fundamentais.
Outra coisa importante é punir os assassinos. Reportagem do Jornal O Globo de
2014, mostra que menos de 5% dos assassinatos no Brasil são descobertos. Talvez
seja por isso que esse governo aí não acredita na eficiência da polícia.
Acha
que essa conversa é mimimi?
Você
não está sozinho, o presidente também acha. A diferença entre você e ele é que
o presidente tem o poder de fazer sua fé se transformar em políticas públicas.
A
Agência Brasil (2018) diz: “Tem uma estimativa
de que o Estatuto do Desarmamento, apesar de nunca ter sido implementado na sua
completude, ainda assim conseguiu ser responsável por uma espécie de freio, de
contenção do crescimento dos homicídios”. Segundo o pesquisador, sem essa
legislação, as taxas de homicídios seriam 12% superiores às atuais. Isso
é o que dizem os números. O resto, apesar do discurso, parece ser fake News ou
fé cega em bezerro de ouro.
Acha
que essa pesquisa é mimimi?
O
Moro também acha.
Referência:
MENEZES, César; LEUTZ, Menezes. Maioria dos crimes no
Brasil não chega a ser solucionada pela polícia. Disponível em:< https://glo.bo/1yi1edy>
Acessado em: 15 jan. 2019.
AGENCIA BRASIL. Armas de fogo são causa de morte em 71% dos
homicídios no Brasil. Disponível em: Ac: 15 jan.
2019.
[Ernande
Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]